Presidente do Peru negocia formação de novo governoAFP

A nova presidente do Peru, Dina Boluarte, negociava neste sábado (10) a formação do seu governo, enquanto manifestações exigindo novas eleições continuavam nas ruas, após a destituição do presidente Pedro Castillo.
Dina Boluarte, vice-presidente até a sua posse, na quarta-feira (7), prometeu que anunciaria neste sábado seu gabinete "de união nacional".
"A presidente da República deve tomar decisões rápidas, como seu gabinete, e decisões imediatas para sair de certas dificuldades e gerar confiança e tranquilidade", comentou José Williams, chefe do Congresso peruano dominado pela direita.
"Peço calma à população (...) É um momento difícil, mas tem que ser superado da melhor forma", declarou a presidente à rádio RPP, em suas primeiras declarações desde que o Congresso destituiu Castillo.
Dina Boluarte foi empossada como a primeira mulher presidente do Peru poucas horas depois de Castillo, que enfrentava uma série de investigações por corrupção, ser deposto em uma votação do Congresso.
Castillo tentou evitar essa votação, a terceira contra ele desde que assumiu o cargo há 18 meses, ao anunciar a dissolução do Parlamento e afirmar que governaria por decreto. Mas suas ordens foram ignoradas pelo Congresso e pelas Forças Armadas.
"A Constituição foi violada", disse Williams neste sábado, ao justificar a destituição de Castillo, detido por sua própria escolta enquanto se dirigia à embaixada mexicana para solicitar asilo político e colocado em prisão preventiva por sete dias na última quinta-feira.
O Ministério Público o acusa de rebelião e, se for considerado culpado, pode pegar entre 10 e 20 anos de prisão. Dina Boluarte negocia há três dias com a bancada da direita, dada a deserção da esquerda para se juntar às negociações.
Sua decisão de governar até o fim do mandato de Castillo, em 28 de julho de 2026, gerou problemas. A demanda por novas eleições está ligada a uma rejeição esmagadora do Congresso: de acordo com pesquisas realizadas em novembro, 86% dos peruanos desaprovam o Parlamento.
A lentidão de Dina em tomar decisões gerou passeatas e bloqueios de estradas exigindo novas eleições e a libertação de Castillo. Ela não descartou convocar eleições antecipadas em busca de uma solução pacífica para a crise política, e pediu calma à população.
Uma marcha em Lima convocada por grupos de estudantes, trabalhadores e partidos políticos de esquerda a partir das 18h00 gera atenção. Os bloqueios de estradas continuavam pelo terceiro dia no sul do país, onde Castillo tem grande apoio.
Em Lima, milhares de manifestantes que tentaram chegar à sede do Congresso foram contidos pelas forças de ordem. A polícia usou gás lacrimogêneo para acabar com a mobilização, que deixou alguns detidos.
Os últimos acontecimentos levaram a polícia a anunciar a suspensão das férias e licenças de seus agentes até nova ordem.
Na sede da polícia onde o ex-presidente está detido por ordem judicial, dezenas de apoiadores de Castillo fazem vigília exigindo a sua libertação.