Apoiadores de Castillo dormem em frente a presídio em LimaAFP

Centenas de apoiadores do ex-presidente do Peru Pedro Castillo protestam em frente ao local onde o ex-mandatário está preso, na sede da divisão de operações especiais da polícia, Marco Puente Llanos, em Ate, no leste de Lima.

Castillo foi deposto e detido após tentar fechar o Congresso e anunciar "estado de emergência" em todo o país no último dia 7.
De acordo com a agência de notícias AFP, policiais de choque formam um cordão isolando a entrada do local.

A apoiadora Ana Karina Ramos prometeu ficar em frente ao presídio "o tempo que for necessário". "Estamos dormindo aqui há quatro noites e continuaremos até que o presidente retorne ao Palácio presidencial", afirmou à AFP .

O Ministério Público peruano investiga o ex-presidente por suposta corrupção e o processa por "rebelião" e "conspiração". Castillo, no entanto, tem o apoio da população das regiões andinas.

Em coro, os manifestantes gritam: "Pedro, amigo! O povo está contigo!" ou "Insurreição!".

Ana Karina disse estar dormindo na calçada ao lado dos "companheiros de luta", no meio de colchões e almofadas empilhadas. No local, também há cartazes com os escritos: "Se não houver liberdade, haverá revolução! Força, presidente Castillo."
A apoiadora acusou as autoridades e disse que o ex-líder foi preso sem motivos, porque ele é um "homem do campo, um agricultor, um professor, um homem honesto", segundo a mulher.

Ela afirmou que Castillo foi sequestrado e humilhado, como dito por ele mesmo em uma carta publicada nas redes sociais nessa segunda (12) . "Nunca o deixaram governar. Desde o primeiro dia, a direita nunca aceitou sua vitória", acrescentou.

Ontem, Pedro Castillo disse estar "no momento mais difícil" de seu governo e que está sendo "humilhado" e "maltratado" . Nas redes sociais, o ex-mandatário chamou nova presidente do Peru, Dina Boluarte — sua antiga vice —, de "usurpadora".
Na carta manuscrita , Castillo pediu uma assembleia constituinte imediata e que a população não caia "no jogo sujo" de Boluarte, que propôs a antecipação das eleições gerais.

Impeachment e prisão
Pedro Castillo se dirigia à Embaixada do México no momento em que foi preso, na tarde do último dia 7 , de acordo com relatório policial feito sobre o caso. Castillo foi deposto e detido após tentar fechar o Congresso e anunciar "estado de emergência" em todo o país .

Em discurso televisionado, Castillo disse que iria dissolver "temporariamente" o Congresso, instaurar governo de emergência excepcional e convocar eleições para um novo Congresso . Ele também afirmou que elaboraria uma nova Constituição em até nove meses, estabeleceria um governo temporário de exceção, iria impor um toque de recolher entre 22h e 04h e exigir devolução ao Estado de armas ilegais, sob pena de prisão .

Mais tarde, o Congresso aprovou o impeachment de Pedro Castillo por "incapacidade moral" de continuar no posto.

À noite, o ex-presidente foi transferido para a sede da Direção de Operações Especiais da Polícia (Diroes) , uma unidade de elite da Polícia Nacional, localizada em Lima.

Após cerimônia no mesmo dia — pouco mais de duas horas após a votação que afastou Castillo —, a vice, Dina Boluarte, assumiu como a nova presidente do país .

A advogada de 60 anos é a primeira mulher presidente do Peru e a sexta pessoa a ocupar o cargo desde março de 2018. Ela ficará no cargo até julho de 2026.