Na argentina, Avós da Praça de Maio encontram 131ª pessoa retirada dos pais pela ditadura militarAFP

Buenos Aires - Avós da Praça de Maio anunciaram nesta quinta-feira (22) que descobriram a identidade de um novo neto. Trata-se de uma pessoa que foi retirada de seus pais biológicos pela última ditadura militar do país (1976 a 1983). Ainda não há informações sobre a pessoa localizada, mas o encontro representa a descoberta de número 131.
O último neto descoberto pela organização foi Javier Matías Darroux Mijalchuk. O homem tinha apenas 4 meses quando desapareceu e sua mãe estava grávida. Seu desaparecimento ocorreu após a mãe, Elena Mijalchuk, o levar com ela a uma reunião na madrugada de 26 de dezembro de 1976 para obter  informações sobre do marido, Juan Manuel Darroux, sequestrado dias antes. 
Trajetória de lutas
No dia 30 de abril de 1977, 14 mulheres vestiram um lenço branco na cabeça e foram à Praça de Maio, no Centro de Buenos Aires. Elas buscavam informações sobre seus filhos, desaparecidos durante a ditadura militar instaurada na Argentina no ano anterior. Com o tempo, mais mulheres se juntaram.
No intuito de não serem reprimidas pelos órgãos de segurança da ditadura, já que era proibido agrupamentos nas ruas, elas caminhavam em torno do monumento da praça. Assim, as “Mães da Praça de Maio” se encontravam toda quinta-feira, às 15h30.
Entre os mais de 30 mil desaparecidos, a maioria tem histórias semelhantes — os pais foram presos pela ditadura, e os militares tiraram a criança da mãe para entregá-la a alguma família simpática ao regime. Com muitos pais assassinados pela ditadura, coube às avós procurar o paradeiro dos netos. E assim surge o nome do movimento "Avós da Praça de Maio". 
Para descobrir o paradeiro dos netos as avós, recorreram à Ciência, Com a ajuda de pesquisadores dos Estados Unidos, em 1987 foi criado o Banco Nacional de Dados Genéticos, por meio do qual seria possível confirmar relações de parentesco apenas com o material genético de avós e netos.
Com o DNA coletado, elas começaram a fazer campanhas direcionadas a pessoas que tivessem dúvidas sobre sua genealogia. Desde sua criação, a organização já encontrou 131 netos. 
Entretanto o movimento estima que ainda haja cerca de 500 crianças desaparecidas após o período de ditadura, que durou até 1983.
A líder do grupo, Estela de Carlotto, é uma das principais ativistas de direitos humanos da Argentina e encontrou o próprio neto em 2014. As mulheres já marcharam na praça portenha em 2.246 quintas-feiras, e seguem incansáveis.