Fiéis reunidos na Praça de São Pedro, no Vaticano, prestam homenagens ao Papa Bento XVIAFP
"Estou muito triste", disse à AFP o italiano Davide Di Tommaso, de 30 anos, da região de Molise (sul), ao saber do falecimento do ex-pontífice de 95 anos, que abdicou do cargo em 2013, em uma decisão sem precedentes desde a renúncia de Celestino V em 1294.
"A primeira reação foi a de orar. Demos a bênção e pedimos a salvação de sua alma", disse o francês Charbel Youssef, que fazia parte de um grupo de peregrinos.
O toque dos sinos ressoou na enorme esplanada para anunciar a morte. A notícia era iminente desde que o papa Francisco pediu, na quarta-feira (28), que os fiéis rezassem por seu antecessor, em grave estado de saúde.
Os sinos também tocaram na igreja de Trastevere e em outros bairros da capital italiana, em homenagem ao ex-bispo de Roma.
Para muitos fiéis e turistas, assistir ao funeral de Bento XVI em 5 de janeiro, na Praça de São Pedro, presidido por Francisco, será um evento excepcional.
Funeral solene e ao mesmo tempo sóbrio
Como ex-papa, Bento XVI terá um funeral solene, mas "sóbrio", como ele mesmo desejava, segundo o porta-voz papal, Matteo Bruni.
Ferrenho defensor da ortodoxia, Bento XVI renunciou ao cargo em meio à crise de uma Igreja assolada por escândalos e intrigas.
"Acho que, como líder mundial, é fascinante que ele tenha tomado a decisão de renunciar. A maioria das pessoas no poder não toma essas decisões", comentou Michael Dauphinee, um turista dos Estados Unidos.
"É um grande exemplo para os líderes mundiais. Sou protestante, mas (Bento) mostrou que é preciso conhecer as próprias limitações", acrescentou.
À beira da célebre Columnata Bernini, que circunda a praça, jornalistas do mundo inteiro já instalaram suas câmeras.
Um imponente serviço de segurança, com policiais e carabineiros italianos, começou a organizar o fluxo de pessoas rumo à imensa praça. "Apesar das críticas, foi realmente um grande papa", afirmou Davide Di Tommaso.
Quando cardeal, o alemão Joseph Ratzinger governou com mão de ferro a poderosa Congregação para a Doutrina da Fé (antiga Inquisição), condenando teólogos progressistas e defendendo que, fora da Igreja católica, não havia salvação.
Hoje, no entanto, é mais lembrado por sua aposentadoria voluntária. "Lembro-me da grande caridade que o encorajou", disse Charbel Youssef.
Embora sua popularidade nunca tenha chegado à de João Paulo II, o papa alemão terá o funeral de um ex-chefe de Estado, com a presença de várias autoridades e fiéis.
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