Papa Francisco e Bento XVIReprodução: redes sociais

Quando um pontífice morre, seu funeral e sucessão são estabelecidos pela Constituição Apostólica, mas desta vez, com o falecimento de Bento XVI, o Vaticano terá que improvisar, pois é a primeira vez na história que serão celebrados os serviços fúnebres de um papa emérito, ou seja, sem funções.
Normalmente, a morte do sumo pontífice desencadeia a rápida convocação de um conclave no qual os cardeais escolhem seu sucessor.
Esse cenário está descartado neste caso, já Francisco ocupa o trono de Pedro desde 2013, após ter sido eleito após a renúncia de Bento XVI naquele ano.
O anúncio da morte de Joseph Ratzinger, neste sábado (31), após uma agonia de vários dias, não tem protocolo específico, e por isso serão seguidos alguns passos para um pontífice em exercício.
Trata-se da primeira vez na história moderna que um papa presidirá os funerais de seu antecessor.
De acordo com a Constituição Apostólica promulgada em 1996 por João Paulo II, um Papa deve ser enterrado entre quatro e seis dias após a sua morte.
O funeral de Bento XVI será celebrado em 5 de janeiro por Francisco, na Praça de São Pedro, cinco dias após sua morte.
A cerimônia começará às 5h30 de Brasília e, além de inédita, será solene, segundo o Vaticano.
Com este ato, se encerrará a saga dos "dois papas", que conviveram durante quase uma década no menor Estado do mundo.
A Santa Sé também anunciou que o corpo do papa emérito ficará exposto de segunda a quarta-feira na basílica de São Pedro para que fiéis de todo o mundo possam homenageá-lo.
Por enquanto, seu corpo permanecerá no mosteiro Mater Ecclesiae, onde residiu dentro do Vaticano desde que renunciou.
"Não estão previstas visitas oficiais", acrescentou o Vaticano.
Em 2005, o corpo de João Paulo II - último Papa falecido - foi exposto antes de seu funeral solene na Praça de São Pedro, na presença de numerosos chefes de Estado e de governo, reis e rainhas, além de fiéis, que fizeram longas filas por horas para homenageá-lo.
Na ocasião, a cerimônia oficial foi presidida pelo cardeal Joseph Ratzinger, então líder do Dicastério para a Doutrina da Fé, que foi eleito posteriormente por seus pares ao trono de São Pedro.
Um milhão de pessoas compareceram ao funeral do carismático Papa polonês.
Embora a popularidade de Bento XVI nunca tenha alcançado a de João Paulo II, o papa alemão, líder da Igreja Católica de 2005 a 2013, foi um ex-chefe de Estado e, como tal, seu enterro deve atrair uma multidão de altos dignitários e fiéis.
Ao final do funeral, ao qual poderão assistir todos os fiéis sem necessidade de entrada, o caixão do papa emérito será enterrado nas grutas vaticanas, onde estão os túmulos dos papas, informou o Vaticano em nota.
A Santa Sé não informou se o sepultamento será no túmulo que foi de seu antecessor, João Paulo II, vazia depois que seu caixão foi trasladado em 2011 para uma capela da basílica, após sua beatificação.
O biógrafo oficial de Bento XVI, o jornalista alemão Peter Seewald, revelou, em 2020, que ele desejava ser enterrado no túmulo de João Paulo II, de quem foi um colaborador próximo.
Quando um Papa morre, o anel feito especialmente para cada novo pontífice e usado antigamente como selo para documentos também é destruído.
No caso de Bento XVI, o anel foi marcado com um "X" após a sua renúncia, para inutilizá-lo.