Donald Trump tenta mediar a divisão no Partido Republicano para emplacar McCarthy na presidência da CâmaraAFP

Washington - Ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump pediu nesta quarta-feira, 4, aos republicanos de linha dura que parem de bloquear o candidato do partido, Kevin McCarthy, à presidência da Câmara dos Representantes. Divisões internas o impediram a eleição do parlamentar. A Casa tentará mais uma vez definir seu novo líder nesta quarta, depois do fracasso que não acontecia há 100 anos.
O republicano Kevin McCarthy, favorito para substituir a democrata Nancy Pelosi, não foi capaz de acalmar a revolta de um grupo de apoiadores do ex-presidente Donald Trump, que o consideram moderado demais.
"É hora de todos os nossos grandes membros republicanos da Câmara votarem em Kevin, concluam o acordo e conquistem a vitória... Republicanos, não transformem uma grande vitória em uma derrota gigantesca e embaraçosa", postou Trump nas redes sociais.
A Câmara dos Representantes, dominada pelos republicanos após as eleições de meio de mandato em novembro, retoma as votações na tarde desta quarta-feira. A última vez que foi preciso mais de uma rodada para eleger um presidente no início de uma nova sessão do Congresso foi há um século, em 1923.
Os republicanos, que obtiveram uma maioria apertada de assentos na Câmara Baixa, pretendem usar essa vantagem para abrir uma série de investigações que têm como alvo o presidente americano, o democrata Joe Biden, entre elas sobre a forma como ele gerenciou a pandemia de covid-19.
Mas, antes disso, precisam chegar a um acordo sobre quem irá presidir a Câmara dos Representantes, para que os legisladores possam prestar juramento. Após o fim da sessão na terça, Trump criticou a agitação dentro do Partido Republicano, pelo qual o magnata pretende disputar novamente as eleições presidenciais em 2024.
"Há tanta turbulência desnecessária no Partido Republicano", postou Trump em sua plataforma Truth Social na terça-feira, insistindo em culpar o senador Mitch McConnell pelas divisões, e sem mencionar McCarthy ou o caos da Câmara.
A eleição do titular da Câmara Baixa, conhecido como "speaker", terceira figura mais importante da política americana, requer uma maioria de 218 votos.
McCarthy não alcançou este número após três rodadas de votação devido à oposição de cerca de 20 congressistas partidários de Trump. A candidatura de McCarthy conta com um apoio amplo dentro do seu partido. De fato, o anúncio de sua indicação na terça-feira no plenário foi recebido com aplausos de pé nas fileiras republicanas.
No início da terceira rodada, o desconforto era palpável. Republicanos mais moderados estavam pedindo a seus colegas que apoiassem McCarthy. Ao longo das votações, o partido de Biden se uniu em torno da candidatura do líder democrata Hakeem Jeffries, aplaudindo-o sob gritos de "Hakeem, Hakeem, Hakeem!". Mas ele não tem votos suficientes para ser eleito.
A eleição do presidente da Câmara dos Representantes pode ser decidida em horas, ou levar semanas. Em 1856, demorou dois meses. McCarthy parece estar disposto a fazer concessões aos mais conservadores para evitar que a história se repita, uma vez que, em 2015, a ala mais à direita de seu partido o impediu de ocupar o cargo.
Mas tampouco pode se dar ao luxo de se colocar contra os republicanos moderados. Embora a margem de manobra de McCarthy seja reduzida, no momento ele não tem um adversário forte. Como possível alternativa, circula apenas o nome de Jim Jordan.
Biden, que se beneficia das tensões entre seus rivais, qualificou a situação de "vergonhosa" e alertou que o "resto do mundo" está vendo o que está acontecendo.
Com os republicanos no controle da Câmara dos Representantes, Biden e os democratas perderam poder para aprovar novas iniciativas. O mesmo acontecerá com os republicanos no Senado, onde os democratas são maioria.
Para se alinharem em uma oposição sistemática, os republicanos teriam que estar unidos. No entanto, na votação do orçamento, em dezembro, alguns deles votaram com os democratas.
Com a eleição do "speaker", a desunião ficou evidente mais uma vez.
Uma Câmara hostil poderia, inclusive, beneficiar Biden, caso ele confirme sua intenção de voltar a se candidatar à Presidência em 2024.
O presidente é cauteloso ao comentar as divisões republicanas. Sua porta-voz, Karine Jean-Pierre, assegurou que o líder democrata não "se intrometerá neste processo".
Em caso de paralisação legislativa, o presidente americano deve culpar os republicanos pelo bloqueio, na esperança de se beneficiar politicamente.
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