A Suprema Corte da Espanha decretou que o médico uruguaio Carlos Américo Suzacq deverá ser extraditado para o país de origem, após as acusações de ajudar militares e torturar dissidentes durante os anos 1970. O período corresponde a ditadura militar uruguaiana. A decisão foi anunciada nesta segunda-feira (16).
O tribunal de Montevidéu fez o pedido da extradição, tendo como base o depoimento de oito vítimas de Suzacq. Eles alegam que o médico aconselhava os militares sobre o momento de parar ou continuar os atos de tortura, que ocorriam no centro de detenção do 6º Regimento de Cavalaria Mecanizado em Montevidéu, por volta dos anos 1972 e 1975.
O tribunal espanhol reconhece que houve um longo período desde o caso, mas reforça a necessidade de se punir atualmente. "Mesmo tendo em conta que já se passaram mais de 40 anos desde os fatos relatados… a natureza e a gravidade dos acontecimentos, assim como a necessidade de impedir a impunidade, leva esta corte a autorizar o pedido de extradição".
Dentre os crimes citados pela Suprema Corte da Espanha estão o de abuso de autoridade contra detentos, ferimentos graves e privatização ilegal de liberdade. Todos os crimes são classificados com atentados contra a humanidade.
Carlos Suzacq não concordou com a extradição, uma vez que possui cidadania espanhola por casamento desde 1978. Ele vive na Espanha em exílio desde 1977, onde desde então trabalha como médico. Outro ponto que ele destaca é o fato do estatuto de limitação, uma vez que os crimes contra a humanidade e tortura só entraram no código penal da Espanha a poucos anos.
São estimados que 200 uruguaios foram sequestrados e mortos durante o período da ditadura, que aconteceu entre 1973 e 1985. Outros milhares foram jogados em prisões e muitos foram torturados.
Em 1986, foi dado a anistia aos policiais participantes do processo. Entretanto, em 2011, uma nova lei possibilitou que novos julgamentos fossem abertos, uma vez que crimes contra a humanidade não teriam prescrição. Com isso, diversos de oficiais foram presos por abuso de direitos no passado. Dentre eles, o ex-presidente Juan María Bordaberry.
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