Martinelli é indicado por suspeita de lavagem de dinheiro e por esquema para agilizar contratos durante seu governoAFP

Os Estados Unidos proibiram, nesta quarta-feira, 25, a entrada do ex-presidente panamenho Ricardo Martinelli por aceitar "propina". A medida inclui seus familiares, entre eles dois filhos que retornaram ao Panamá, após cumprirem pena nos EUA por receberem propina da Odebrecht.
"Martinelli aceitou subornos em troca de concessões indevidas de contratos governamentais durante seu mandato como presidente", o que torna ele e os "membros de sua família inelegíveis para entrar nos Estados Unidos", diz um comunicado do secretário de Estado, Antony Blinken, divulgado pela embaixada dos EUA no Panamá.
A nota foi publicada logo depois da chegada ao Panamá dos irmãos Luis Enrique e Ricardo Martinelli. Os filhos do ex-presidente, que aspira a concorrer novamente às eleições presidenciais de 2024, chegaram em um voo comercial ao aeroporto internacional de Tocumen, na capital do país.
Ambos partiram do aeroporto de Newark (Nova Jersey), vigiados por agentes do serviço de imigração dos Estados Unidos, conforme o advogado deles, Carlos Carrillo.
Os irmãos Martinelli são indiciados no Panamá, junto com o pai, por suspeita de lavagem de dinheiro no caso Odebrecht e por outro escândalo conhecido como "Blue Apple", uma trama para arrecadar comissões para agilizar contratos durante o governo Martinelli (2009-2014).
Os filhos de Martinelli cumpriram dois anos e meio da sentença de três anos imposta a eles pelo tribunal dos Estados Unidos e pagaram multa de US$ 250 mil, por terem recebido US$ 28 milhões em propinas da gigante da construção brasileira Odebrecht, dos quais US$ 19 milhões transitaram por contas nos EUA.
O tempo que estiveram detidos - primeiro, na Guatemala, e depois, nos Estados Unidos - foi descontado da sentença estabelecida pela Justiça americana.
Na audiência em que foi anunciada a decisão, os advogados dos irmãos, que se declararam culpados das acusações feitas contra eles pela Promotoria dos Estados Unidos, acusaram o ex-presidente Martinelli de induzir os filhos a cometer os crimes.
Por este caso, também é chamado a julgamento no Panamá o ex-presidente de 70 anos, que nega ter recebido "qualquer dinheiro ilícito" e afirma se tratar de "um circo político" para impedi-lo de concorrer à presidência novamente.
O Ministério Público panamenho acusa Martinelli e seus filhos de terem recebido propina da Odebrecht entre 2009 e 2015, por meio de empresas de fachada.
Os irmãos não foram presos ao chegarem ao Panamá, porque cada um pagou US$ 7 milhões de fiança: US$ 2 milhões pelo caso da Odebrecht, e US$ 5 milhões, pelo caso da "Blue Apple", segundo o advogado Carrillo.