Presidente russo, Vladimir PutinAFP

O presidente russo, Vladimir Putin, acusou os países membros da Otan de participação da guerra na Ucrânia com o fornecimento de armas e insistiu que o Ocidente deseja destruir a Rússia.
"Estão enviando dezenas de bilhões de dólares em armas à Ucrânia. Isto é realmente participação", afirmou Putin em uma entrevista ao canal Rossiya-1 exibida neste domingo.
"Isto significa que estão participando, embora de forma indireta, nos crimes executados pelo regime de Kiev", disse Putin.
O presidente russo considera que os países ocidentais "têm apenas um objetivo: separar a ex-União Soviética e sua parte principal, a Federação Russa".
"Só então eles talvez nos aceitem na chamada família de povos civilizados, mas apenas separados, cada parte de modo separado", acrescentou.
Putin concedeu a entrevista à margem de um evento patriótico organizado na quinta-feira em Moscou, na véspera do aniversário de um ano do início da ofensiva militar russa contra a Ucrânia.
Na entrevista, o presidente russo reiterou seu apelo por um mundo multipolar e afirmou que não tem dúvida de que isto vai acontecer.
"Agora que as tentativas (dos Estados Unidos) de reconfigurar o mundo à sua própria semelhança — após a queda da União Soviética — levaram a esta situação, somos obrigados a reagir", concluiu.
Em contrapartida, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky voltou a prometer que seu país vai recuperar a Crimeia, uma península anexada por Moscou em 2014.
"Há nove anos, a agressão russa começou na Crimeia. Ao recuperar a Crimeia vamos restaurar a paz. É nossa terra e nosso povo, nossa história", afirmou Zelensky no Telegram.
O Departamento de Estado americano agradeceu em um comunicado os "esforços da Ucrânia (...) para atrair a atenção mundial sobre a ocupação russa que continua".
"O governo dos Estados Unidos não reconhece e nunca reconhecerá a suposta anexação russa da península", acrescenta a nota.
Em uma entrevista publicada neste domingo pelos jornais do grupo de comunicação regional alemão Funke, o vice-diretor do serviço de inteligência militar da Ucrânia, Vadym Skibitsky, declarou que Kiev prepara uma nova contraofensiva para a primavera (hemisfério norte, outono no Brasil).
"Um de nossos objetivos militares estratégicos é tentar abrir uma brecha na frente russa no sul, em direção à Crimeia", afirmou.
"Só vamos parar quando conseguirmos que nosso país volte às fronteiras de 1991. Esta é nossa mensagem para a Rússia e a comunidade internacional", acrescentou.
Skibitsky também disse que a Ucrânia pode bombardear bases militares na Rússia, como na região de fronteira de Belgorod, que já foi alvo de ataques.