Michele Spatari / AFPCartaz da campanha de Bola Tinubu é visto em Abuja, na Nigéria

Os dois principais partidos da oposição da Nigéria pediram nesta terça-feira (28) a anulação da eleição presidencial celebrada no último sábado (25) no país de maior população da África, ao denunciar uma "manipulação em larga escala dos resultados".
Os resultados, ainda parciais, anunciados oficialmente pela Comissão Nacional Eleitoral (Inec), dão neste momento uma pequena vantagem ao candidato do partido no poder (APC), Bola Ahmed Tinubu, mas dizem respeito apenas a 14 dos 36 estados que compõem o país, e não incluem o território da capital federal, Abuja.
"A eleição está irremediavelmente comprometida e perdemos totalmente a confiança em todo o processo", afirmaram em uma entrevista coletiva os representantes do Partido Democrático Popular (PDP) - o principal partido da oposição - e do Partido Trabalhista (LP).
"Exigimos que esta farsa de eleição seja imediatamente anulada e uma nova votação seja organizada", acrescentaram.
Denunciando "manipulações em massa", consideraram que os resultados até agora anunciados "não refletem os desejos ou aspirações dos nigerianos" expressos nas urnas.
Também exigiram uma "moção de confiança" do presidente do Inec, Mahmood Yakubu, e pediram ao atual presidente, Muhammadu Buhari, "que cumpra a promessa que fez aos nigerianos de deixar como herança eleições livres, justas, transparentes e credíveis".
Mais de 87 milhões de eleitores votaram no sábado para escolher o próximo presidente da Nigéria entre 18 candidatos.
A corrida presidencial está muito acirrada entre três favoritos: Bola Tinubu, que atualmente lidera com mais de 4,1 milhões de votos; Atiku Abubakar, do PDP (3 milhões de votos) e Peter Obi (LP), muito popular entre os jovens e que até agora arrecadou 1,6 milhão de votos.
Obi, ex-governador de Anambra, estado localizado no sudeste do país, derrubou a predominância histórica dos dois grandes partidos da Nigéria e ampliou as chances de um segundo turno, pela primeira vez desde a restauração da democracia no país, em 1999.