Mergulhadores recuperaram parte do avião A330 da Air France que caiu no Oceano Atlântico em 1º de junho de 2009 BRAZILIAN NAVY/AFP/Arquivos

Paris - A Promotoria de Paris anunciou nesta quinta-feira, 27, que vai apresentar recurso contra a absolvição da Airbus e da Air France no caso do acidente do voo Rio-Paris, que matou 228 pessoas em junho de 2009, uma nova "esperança" para as famílias das vítimas.
As duas empresas foram julgadas por homicídios culposos. Em 17 de abril um tribunal de Paris absolveu a companhia aérea e a fabricante de aviões de qualquer responsabilidade criminal, por considerar que, embora tenham cometido "falhas", não foi possível demonstrar "nenhuma relação de causalidade" segura com o acidente.
Ao final do julgamento, que aconteceu de 10 de outubro a 8 de dezembro, a Promotoria do Tribunal Judicial de Paris pediu a absolvição das empresas, considerando que era "impossível provar" a culpa. Na esfera cível, o tribunal declarou que as duas empresas são "responsáveis civilmente" pelos danos, por considerar que os erros cometidos aumentaram a probabilidade do acidente.
A decisão provocou indignação e incompreensão entre os parentes das vítimas. Nesta quarta-feira, a Procuradoria-Geral do Tribunal de Apelação de Paris recorreu contra este pronunciamento. Com a decisão, a instituição busca o "pleno efeito aos recursos previstos na lei" e "submeter o caso a uma segunda instância de jurisdição", afirmou a instituição em um comunicado.
A decisão da Procuradoria-Geral de apelar é "incomum", considerando que o MP pediu a absolvição das duas empresas durante o julgamento, afirmou à AFP Alain Jakubowicz, advogado de 40 vítimas e da associação 'Entraide et Solidarité'.
Este recurso "era a última oportunidade para as famílias das vítimas", insistiu, antes de destacar vários "erros no caso".
"Acontecerá um novo julgamento e a determinação das famílias será ainda maior. Isto nos dá muita esperança", declarou o advogado.
Danièle Lamy, presidente da 'Entraide et Solidarité', declarou à AFP que está "emocionada e satisfeita" com este recurso.
Procurados pela AFP, Simon Ndiaye e François Saint-Pierre, advogados da Airbus e da Air France respectivamente, não comentaram a notícia até o momento.
Em 1º de junho de 2009, o avião que operava o voo AF447 entre Rio de Janeiro e Paris caiu no meio da noite enquanto sobrevoava o Oceano Atlântico, poucas horas após a decolagem. A bordo do avião, um A330, estavam 216 passageiros de 33 nacionalidades, incluindo 61 franceses, 58 brasileiros. A tripulação de 12 pessoas era formada por 11 franceses e um brasileiro.
Nos dias seguintes ao acidente foram encontrados os primeiros destroços do avião e alguns corpos. Mas a fuselagem foi localizada somente dois anos depois, a uma profundidade de 3.900 metros.
As caixas-pretas confirmaram que os pilotos, desorientados por uma falha quando as sondas de velocidade Pitot congelaram no meio da noite, não conseguiram impedir a queda do avião, que ocorreu em menos de cinco minutos.