Kim Jong Un, no centro, durante desfile militar em Pyongyang na quinta-feira, 27KCNA
Kim Jong Un supervisiona desfile militar com drones e mísseis ICBM
Comemorações contaram com a presença de delegações da Rússia e da China, as primeiras visitas conhecidas a Coreia do Norte desde a pandemia
O líder norte-coreano, Kim Jong Un, supervisionou um desfile militar em Pyongyang, na quinta-feira, 27, por ocasião do 70º aniversário do armistício da Guerra da Coreia, no qual foram exibidos novos drones e mísseis balísticos intercontinentais com capacidade nuclear.
A agência de notícias estatal KCNA disse, nesta sexta-feira, 28, que o desfile contou com "aeronaves não tripuladas de reconhecimento e drones de ataque recém-desenvolvidos e produzidos que sobrevoaram" a praça Kim Il Sung "redobrando a alegria das pessoas que comemoravam".
"A emoção e a alegria do público aumentaram" quando o novo míssil balístico intercontinental (ICBM) Hwasong-18, com capacidade nuclear e combustível sólido, testado em abril e julho, apareceu na praça, disse a KCNA.
As comemorações contaram com a presença de delegações da Rússia e da China, as primeiras visitas conhecidas ao país desde a pandemia. Kim "enviou uma calorosa saudação de combate" ao desfile, disse a agência de notícias norte-coreana, sem especificar se o líder fez um discurso.
As imagens de satélite confirmaram que a Coreia do Norte realizou uma grande parada militar por ocasião deste aniversário na quinta-feira, 27. As hostilidades da Guerra da Coreia (1950-1953) terminaram com um armistício em 27 de julho de 1953, mas um tratado de paz nunca foi assinado, o que deixa os dois países tecnicamente ainda em conflito.
As relações entre os dois se deterioraram no ano passado para um dos piores níveis em décadas, com aumento dos testes militares do Norte e fortalecimento da cooperação de defesa entre o Sul e os Estados Unidos.
A KCNA disse que o desfile ficará "gravado em nossa memória como uma grande festa política e militar que demonstrou a vontade inabalável de dez milhões de soldados de criar uma nova lenda da era de Kim Jong Un".
Este evento faz parte da "promoção da legitimidade de Kim Jong Un e da unidade interna nestes tempos difíceis economicamente", disse Yangmo Ku, professor de Ciência Política da Universidade de Norwich, à AFP.
Mas este ano, ao incluir convidados proeminentes de Moscou e Pequim, Pyongyang também "tenta enviar um sinal aos Estados Unidos e seus aliados de que, com relações fortalecidas com a Rússia e a China, a Coreia do Norte está militarmente preparada para lidar com as ameaças estratégicas de seus inimigos", acrescentou.
"Todos esses atos implicam o surgimento de uma nova Guerra Fria na península da Coreia", afirmou.
Pequim é o mais importante aliado e principal benfeitor de Pyongyang, amizade forjada durante a sangrenta Guerra da Coreia, que contou com a participação de soldados chineses. A Rússia é outro aliado histórico e uma das poucas nações com as quais a Coreia do Norte mantém relações amistosas.
Desde o início da guerra na Ucrânia, Kim Jong Un manifestou forte apoio a Moscou e, segundo os Estados Unidos, fornece inclusive armas às tropas russas, algo que Pyongyang nega.
O ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, esteve presente nas celebrações do armistício e assistiu, na companhia de Kim Jong Un, a uma exibição com as últimas novidades do arsenal norte-coreano, como drones e mísseis intercontinentais.
A inclusão de convidados estrangeiros nestas comemorações é um primeiro indício de uma flexibilização do bloqueio autoimposto na Coreia do Norte durante a pandemia de covid-19.
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