Uso do véu é obrigatório para todas as mulheres no Irã desde 1983Damon Lynch/Flickr
Após meses de discussões, os deputados aprovaram, com 152 votos favoráveis, 34 contrários e sete abstenções, a implementação do projeto de lei que recebeu o nome "Apoio à cultura da castidade e do hijab".
O texto foi aprovado quatro dias após o primeiro aniversário da morte de Mahsa Amini, uma curda iraniana de 22 anos, em 16 de setembro de 2022, após sua detenção pela polícia da moralidade por supostamente ter violado o rigoroso código de vestimenta para as mulheres.
A morte da jovem provocou um grande movimento de protesto no país e a retomada do debate sobre um dos pilares ideológicos da República Islâmica desde a queda do xá em 1979.
O projeto de lei aprovado prevê sanções financeiras para quem "promover a nudez", ou "zombar do hijab" nos meios de comunicação e nas redes sociais, assim como multas e a proibição de deixar o país, no caso dos proprietários de empresas, cujas funcionárias não utilizem o véu.
Penas de prisão
"Qualquer pessoa que cometa o crime de não usar véu, ou de vestir roupas inapropriadas em cooperação com governos, imprensa, grupos ou organizações estrangeiras, ou hostis (à República Islâmica), ou de maneira organizada, será condenada a uma pena de prisão de quarto grau", ou seja, entre cinco e dez anos, afirma o projeto.
Atualmente, aparecer em público sem o véu muçulmano pode ser punido com uma "pena de prisão de 10 dias a dois meses".
Os deputados aprovaram o projeto de lei por um "período de teste de três anos". Para virar lei, o texto precisa ser aprovado pelo Conselho dos Guardiões da Constituição.
Nos últimos meses, cada vez mais mulheres no Irã saem às ruas com a cabeça descoberta, em particular nas grandes cidades.
Como resposta, as autoridades adotaram uma série de medidas que vão do fechamento de estabelecimentos comerciais, em particular restaurantes, até a instalação de câmeras nas ruas para perseguir as mulheres que desafiam a proibição.
Maioria no governo e no Parlamento, os conservadores defendem com veemência o uso do véu e consideram que o fim da obrigatoriedade iniciaria um processo que modificaria de maneira profunda as "normas sociais".
Em 14 de setembro, a missão internacional independente criada pela ONU após os protestos de 2022 afirmou que se a nova lei fosse aprovada "exporia as mulheres e os jovens a riscos crescentes de violência, assédio e detenção arbitrária".
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