Ex-candidata conservadora Patricia BullrichAFP
Bullrich, que ficou em terceiro lugar no primeiro turno, disputado no domingo, anunciou que vai apoiar "a mudança" representada pelo ultradireitista Milei, com o qual se confrontou duramente na campanha presidencial.
"Temos diferenças com Milei, por isso competimos. No entanto, enfrentamos o dilema da mudança, ou da continuidade mafiosa. A maioria escolheu a mudança, nós a representamos", disse Bullrich durante coletiva de imprensa celebrada nesta quarta-feira.
Após obter quase 24% dos votos (6,2 milhões) no primeiro turno, Bullrich esclareceu que não falava em nome de sua formação, o Partido Proposta Republicana (PRO, direita), nem da coalizão Juntos pela Mudança, integrada também pelos social-democratas da União Cívica Radical e da Coalizão Cívica.
"Ratificamos nossa defesa até o fim dos valores de mudança e liberdade. A urgência do tempo nos pede para não sermos neutros diante da continuidade do kirchnerismo através de Massa", apontou a ex-candidata, após se reunir com Milei.
Massa é ministro da Economia do governo do presidente Alberto Fernández, cuja vice é a ex-presidente Cristina Kirchner.
Massa ficou em primeiro lugar no primeiro turno das presidenciais, com quase 37% dos votos, à frente de Milei, que obteve 30%.
"Nem acordo, nem pacto"
"Demos por encerrados certos enfrentamentos. Nós não falamos sobre o governo. Não estamos em um acordo, nem em um pacto com Javier Milei. Falamos sobre nossa postura frente à sociedade que votou em nós e que quer nos ouvir", acrescentou.
O analista político Sergio de Piero, da Universidade de Buenos Aires, avaliou que a posição de Bullrich era "esperada, mas incompreensível".
"Confunde os eleitores de Bullrich. Será preciso ver se aceitam votar em Milei. Mas, acima de tudo, desconcerta os próprios eleitores de Milei. É preciso ver se vão aceitar esta guinada. Agora, é outro Milei", declarou à AFP.
A Juntos pela Mudança ainda não anunciou uma posição comum com vistas ao segundo turno das presidenciais. O presidente da União Cívica Radical, Ernesto Sanz, alertou que um apoio a Milei põe em risco a continuidade da coalizão.
Esta aliança de centro direita conta com nove dos 23 governadores, além do prefeito da cidade de Buenos Aires.
Nas eleições de domingo, nas quais também foi renovado parcialmente o Congresso, nenhuma força política obteve a maioria parlamentar.
A coalizão Juntos pela Mudança ficou em segundo lugar, com 24 senadores e 93 deputados, atrás da governista União pela Pátria (peronismo de centro esquerda), com 72 senadores e 108 deputados.
A Liberdade Avança, de Milei, que tinha três deputados, eleitos há dois anos, agora tem um total de 38 representantes na Câmara baixa e oito assentos no Senado.
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