Joe Biden, atual presidente dos EUADrew Angerer / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP
O democrata aproveitou para agradecer o empenho dos líderes de Catar e Egito, que ajudaram a intermediar as negociações. Biden também citou o "compromisso" do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, em apoiar a pausa temporária nos combates para a execução do acordo, além da prestação de assistência humanitária para civis em Gaza.
"O governo aprovou as linhas gerais do primeiro estágio de um acordo pelo qual pelo menos 50 pessoas sequestradas - mulheres e crianças - serão libertadas nos próximos quatro dias, durante os quais haverá uma pausa nos combates", disse o governo de Israel em uma nota enviada à AFP.
Antes da reunião do gabinete de ministros, que começou na noite de terça-feira, 21, o premiê israelense Benjamin Netanyahu havia dito que aceitar o acordo é "uma decisão complicada, mas é uma decisão correta". Ele estava sob pressão das famílias das quase 240 pessoas sequestradas após o ataque do Hamas de 7 de outubro, que também deixou 1.200 mortos, a maioria civis, segundo as autoridades locais.
Desde então, Israel lançou uma ofensiva contra Gaza com o propósito de "aniquilar" o Hamas, que já deixou mais de 14.000 mortos neste território, vítimas dos bombardeios incessantes e das operações terrestres israelenses.
Guerra vai continuar
O Catar, mediador das negociações ao lado dos Estados Unidos e do Egito, confirmou o acordo para uma "pausa humanitária", que terá o início "anunciado nas próximas 24 horas e vai durar quatro dias, com a possibilidade de prorrogação".
Fontes dos dois lados informaram que o acordo contempla a libertação de entre 50 reféns sob poder do Hamas em troca de 150 presos palestinos que estão em Israel. Nos dois lados do conflito, as pessoas mais afetadas são mulheres e crianças, segundo o Hamas.
Um dirigente do Hamas disse à AFP que a troca começará na quinta-feira, 23, com a libertação de 10 reféns israelenses e 30 prisioneiros palestinos e que "os demais serão libertados antes do final do quarto dia" da trégua.
Um funcionário de alto escalão da Casa Branca afirmou que entre os liberados estarão três americanos, incluindo uma menina de três anos. Também destacou que os Estados Unidos esperam que o Hamas liberte "mais de 50 reféns".
A porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova, afirmou que Moscou celebra o acordo para "uma pausa humanitária" e destacou que é "exatamente o que a Rússia pedia desde o início da escalada do conflito". O primeiro-ministro do Catar, Mohammed ben Abdelrahmane Al-Thani, declarou ter confiança de que a trégua "permitirá um acordo global e duradouro para acabar com a máquina de guerra".
A Comissão Europeia saudou o acordo e pediu que se aproveite a pausa para "intensificar" a ajuda humanitária à Faixa de Gaza. A China afirmou que recebeu com satisfação a notícia e espera que ajude "a reduzir o conflito e as tensões".
O acordo de trégua não vai significar o fim da guerra na Faixa de Gaza, destacou o governo de Israel em um comunicado.
"O governo israelense, o Exército israelense e as forças de segurança vão continuar a guerra para trazer de volta todas as pessoas sequestradas, eliminar o Hamas e garantir que não exista nenhuma ameaça para o Estado de Israel procedente de Gaza", afirmou o Executivo na nota sobre o acordo.
O grupo terrorista Hamas também se mostrou desafiador em seu comunicado: "Confirmamos que nossos dedos vão continuar nos gatilhos e que nossos batalhões triunfantes vão permanecer de prontidão."
Verdadeira 'tragédia'
A ONU, que junto com outras organizações internacionais reivindicava há semanas um cessar-fogo por motivos humanitários, calcula que a guerra provocou o deslocamento de quase 1,7 milhão dos 2,4 milhões de habitantes da Faixa de Gaza.
Uma verdadeira "tragédia" sanitária é iminente no território, alertou o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
O grupo de economias emergentes do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) solicitou na terça-feira, durante uma cúpula extraordinária virtual "uma trégua humanitária imediata e duradoura" em Gaza.
"Se conseguirem uma trégua de cinco dias agora, acredito que vai abrir caminho para tréguas mais longas, ou até mesmo um cessar-fogo total", dizia esperançoso Hamza Abdel Razeq, morador de Rafah, no sul da Faixa.
"As pessoas realmente estão sofrendo", explicou à AFP.
Este acordo "é ruim para a segurança dos israelenses, é ruim para os reféns, é ruim para os soldados", se opôs o Partido Sionista Religioso, uma legenda de extremadireita com representação no governo de Netanyahu.
Hospital atacado
A ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) e o Crescente Vermelho palestino anunciaram que três médicos, dois deles da MSF, morreram em um bombardeio contra o hospital Al Awda do campo de refugiados de Jabaliya. O Crescente Vermelho denunciou um bombardeio "israelense".
Segundo o Ministério da Saúde do Hamas, o Hospital Indonésio - situado nas imediações do campo -, continuava cercado por tanques israelenses nesta terça, e "50 mortos" jaziam no pátio do estabelecimento. Na véspera, "terroristas dispararam do interior do Hospital Indonésio em Gaza", declarou o Exército israelense, acrescentando que respondeu dirigindo-se "diretamente" contra a fonte dos disparos.
Em outra frente de batalha, quatro civis, incluindo dois jornalistas, morreram nesta terça-feira em bombardeios israelenses no sul do Líbano, segundo a imprensa libanesa.
Desde o início da guerra em Gaza, o Exército de Israel e o Hezbollah, aliado do Hamas e apoiado pelo Irã, executam ataques na fronteira. A Casa Branca espera que a trégua em Gaza também conduza a uma "pausa total das hostilidades no norte, na fronteira libanesa".
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