Relatório foi apresentando a ministros e altos funcionários de agricultura da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Uruguai e ParaguaiReprodução/IICA

A América do Sul deve registrar um verão com alta probabilidade de eventos meteorológicos extremos, por causa do El Niño, com impacto na atividade agropecuária dos países, informa o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), em comunicado na terça-feira, 12.
As informações constam em um relatório científico apresentado na Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP28), em Dubai, aos ministros e altos funcionários de agricultura da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Uruguai e Paraguai, nações que integram o Conselho Agropecuário do Sul (CAS), informa o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA). Em termos exatos, o início do verão no Hemisfério Sul será no dia 22 de dezembro, à 00h27 (horário de Brasília), e termina em 20 de março de 2024, à 00h06, data de início do outono.

O documento científico apresentado antecipa que são previstas chuvas acima do normal, aumento dos rios que podem provocar inundações e tempestades extremamente fortes na Grande Bacia do Prata, que inclui a Argentina, o Uruguai, o Paraguai e o sul do Brasil. Situação oposta ocorrerá no Norte e o Nordeste do Brasil, onde se esperam secas intensas e severas. Em boa parte do território chileno, entretanto, as previsões indicam que serão registradas temperaturas superiores às habituais.

As informações, que confirmam que o setor agropecuário é vítima da mudança do clima e deve extremar seus esforços coletivos para ser resiliente, foi apresentada por Cecilia Gianoni, secretária executiva do Programa Cooperativo para o Desenvolvimento Tecnológico Agroalimentar e Agroindustrial do Cone Sul (Procisur), instrumento de integração entre os institutos de pesquisa da Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai e o IICA.
"Promovemos a participação ativa da agricultura regional nessa cúpula climática global, pois os produtores são guardiões da natureza e devem estar no centro de todas as decisões tomadas, as quais devem ser baseadas na ciência", disse na nota o diretor geral do IICA, Manuel Otero.

Quanto às perspectivas, o documento indica que as informações com base científica de mais relevância internacional indicam uma probabilidade superior a 90% de que El Niño persista no verão do Hemisfério Sul.

Assim, os impactos serão diferenciados. Na zona do altiplano, esperam-se precipitações menores do que o normal entre dezembro e março, que habitualmente representam a maior proporção de oferta hídrica da região.

Na Bacia do Prata há probabilidade de alagamentos e inundações por efeito de chuvas intensas e transbordamentos de rios e córregos, o que pode afetar áreas rebaixadas, setores litorais ou ribeirinhos, campos baixos e áreas vulneráveis, inclusive zonas baixas de uso agrícola ou pecuário.

Embora a oferta de pastos e pastagens se recupere, o gado de carne e de leite poderá sofrer estresse pelas altas temperaturas Na região dos Pampas, espera-se uma maior disponibilidade de água.

Entretanto, a produtividade será prejudicada no Norte e Nordeste do Brasil pela falta de chuvas, o que aumentará o risco de incêndios florestais e reduzirá o caudal dos rios, especialmente se o fenômeno de El Niño se intensificar.

No Grande Chaco e no Pantanal brasileiro, é mais provável a ocorrência de chuvas normais ou, inclusive, superiores, o que aumentará a disponibilidade de água em todos os agroecossistemas e repercutirá positivamente no alimento para o gado.