Ataques em Gaza começaram após ataque no Hamas em 7 de outubroMahmud Hams/AFP
O governo do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, está sob pressão crescente, especialmente desde que se soube, na sexta-feira (15), que soldados mataram reféns "por engano", depois de confundi-los com combatentes palestinos.
Os três reféns estavam entre as cerca de 250 pessoas capturadas no ataque sem precedentes do Hamas, em solo israelense, em 7 de outubro. Nele, morreram 1.140 pessoas, segundo os últimos números das autoridades. Pelo menos 129 permanecem em cativeiro na Faixa de Gaza.
Israel prometeu "aniquilar" o Hamas e bombardeia, sem cessar, o território palestino, onde morreram cerca de 18.800 pessoas. Deste total, em torno de 70% são mulheres e menores, conforme o Ministério da Saúde, governado pelo Hamas desde 2007.
"Muitos civis estão morrendo", disse a ministra francesa das Relações Exteriores, Catherine Colonna, em viagem para Israel, de onde pediu "uma nova trégua humanitária imediata e duradoura".
O chanceler israelense, Eli Cohen, reiterou a posição de seu governo, para quem um cessar-fogo é "um presente para o Hamas".
'Banho de sangue'
Outros bombardeios mataram pelo menos 12 pessoas na cidade de Deir al Balah, no centro do território palestino. Testemunhas também relataram ataques aéreos na cidade de Bani Suheila, no sul, e a AFPTV observou intensos combates na cidade de Gaza.
O serviço de emergência do hospital Al Shifa, no norte de Gaza, tornou-se "um banho de sangue", com centenas de pacientes e novos feridos chegando "a cada minuto", afirmou a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Os ataques israelenses devastaram grande parte do território, e a ONU estima que 1,9 milhão de habitantes de Gaza foram forçados a abandonar suas casas.
No final da oração do Ângelus, o papa Francisco lamentou a morte de duas mulheres, no sábado, em uma paróquia católica de Gaza e afirmou que, nesse território há 'civis indefesos" que são alvo de disparos e bombardeios.
"Trazer os reféns vivos"
"O governo israelense deve (...) colocar sobre a mesa sua melhor proposta para trazer os reféns vivos. Vivos”, insistiu Ruby Chen, pai de Itay Chen.
Mais de 100 israelenses e estrangeiros capturados foram libertados em troca de 240 prisioneiros palestinos durante uma trégua de uma semana em novembro, patrocinada pelo Catar.
Mas, para Netanyahu, é preciso "manter a pressão militar" para trazer os reféns e acabar com o Hamas. Neste sábado, o Catar confirmou que está fazendo "esforços diplomáticos para restabelecer uma pausa humanitária".
Segundo o site de notícias Axios, o chefe dos serviços de Inteligência de Israel, David Barnea, reuniu-se na sexta-feira (15) com o primeiro-ministro do Catar, Mohamed bin Abdulrahman al Thani, que participou das negociações da trégua anterior.
O Hamas rejeita 'qualquer negociação", se "a agressão contra nosso povo não cessar completamente", informou no Telegram.
Temor de tensões na região
Nos últimos dias, os Estados Unidos, o maior aliado de Israel, pediram uma fase de "menor intensidade" na operação israelense, para proteger os civis.
O chefe da diplomacia britânica, David Cameron, e sua homóloga alemã, Annalena Baerbock, também lançaram um apelo por um "cessar-fogo duradouro", em um texto publicado no Sunday Times.
Fora de Gaza, a Autoridade Palestina lamentou neste domingo a morte de cinco palestinos na Cisjordânia ocupada, onde a violência disparou desde o início do conflito.
A guerra também faz temer um aumento das tensões na região, especialmente no Líbano, onde fica o movimento pró-Irã Hezbollah, aliado do Hamas. No norte de Israel, na fronteira com o Líbano, há trocas de disparos diárias entre o Exército israelense e o Hezbollah.
Hoje, a chanceler francesa pediu uma "desescalada" da violência nessa fronteira. "Se houver uma espiral, uma conflagração, acho que ninguém sairá beneficiado, e falo isso por Israel também", disse Colonna.
E, no Mar Vermelho, uma estratégica rota comercial por onde circulam 20.000 navios todos os anos, várias grandes companhias mundiais de transporte marítimo suspenderam a passagem de seus navios, devido aos ataques dos rebeldes huthis, do Iêmen, próximos ao Irã, apresentados como resposta à guerra entre Israel e o Hamas.
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