Israel posiciona tanques nos arredores de GazaAFP

Israel intensificou, nesta quarta-feira (17), os seus bombardeios no sul da Faixa de Gaza, devastada pela guerra com o Hamas, onde espera-se a entrega de medicamentos aos reféns israelenses em troca de ajuda humanitária aos habitantes de Gaza, no âmbito de um novo acordo.

Um correspondente da AFP relatou uma série de ataques aéreos noturnos na cidade de Khan Yunis, no sul do território palestino, e testemunhas relataram bombardeios perto do hospital Nasser, onde Israel afirma que funcionários do movimento palestino Hamas estão escondidos.

O Hamas indicou que pelo menos 81 pessoas morreram durante a noite na Faixa de Gaza, onde a situação é "catastrófica" segundo a ONU, em pleno inverno.

"Minha filha não consegue dormir, ela sempre me diz que está com frio. Veja como eles dormem no chão, não tenho nada para cobri-los", explica Hanine Aduane, deslocada pelos combates em Rafah, na fronteira com o Egito.

A guerra foi desencadeada por um ataque sem precedentes do Hamas em 7 de outubro no sul de Israel, que deixou cerca de 1.140 mortos do lado israelense, a maioria deles civis, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais israelenses.

Cerca de 250 pessoas foram feitas reféns e 132 permanecem em Gaza, das quais 27 morreram, segundo as autoridades de Israel. Cerca de cem pessoas foram libertadas durante uma trégua em novembro.

Em retaliação ao ataque de 7 de outubro, Israel prometeu aniquilar o Hamas, que governa Gaza desde 2007, onde já morreram 24.448 pessoas, a grande maioria mulheres, crianças e adolescentes, segundo o último balanço do Ministério da Saúde do movimento islamista.

Medicamentos em troca de ajuda
Na terça-feira, o Catar anunciou que a mediação conjunta com a França levou a um acordo "entre Israel e o Hamas para entregar medicamentos (…) aos reféns israelenses em troca do envio de uma remessa de ajuda humanitária aos civis na Faixa de Gaza".

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha saudou o acordo e afirmou que seria "um momento de alívio muito necessário". Uma fonte de segurança egípcia disse na manhã desta quarta-feira que um avião do Catar chegou a El Arish, no Egito, "carregado de remédios".

Em Nir Oz, um kibutz perto de Gaza, o coletivo de familiares de reféns "Bring Them Home Now" (Traga-os para casa agora, em tradução livre) organizou uma festa simbólica do primeiro aniversário do refém mais jovem, Kfir Bibas.

O Hamas anunciou a sua morte em novembro, mas as autoridades israelenses não a confirmaram. Em Tel Aviv, manifestantes israelenses antiguerra entraram em confronto com a polícia na noite de terça-feira, em um protesto contra o governo de Benjamin Netanyahu e o conflito em Gaza.

"Se a ocupação continuar (...) as crianças que crescem hoje em Gaza serão as mesmas que enfrentaremos dentro de alguns anos", disse Chava Lerman, uma manifestante.

Sete mortos na Cisjordânia
A violência desencadeada em 7 de outubro também se espalhou pela Cisjordânia ocupada, onde sete pessoas morreram em ataques israelenses nesta quarta-feira, segundo os serviços de emergência e o Exército.

De acordo com o Crescente Vermelho palestino, um ataque israelense matou quatro pessoas no acampamento de refugiados de Tulkarem pela manhã.

Em um ataque separado perto do acampamento de refugiados de Balata, ao leste da cidade de Nablus, a agência de notícias oficial palestina Wafa relatou a morte de três homens.

O Exército israelense afirmou que Ahmed Abdullah Abu Shalal, descrito como chefe de uma "célula terrorista", foi morto, evitando assim um "ataque terrorista" que ele planejava.

Outra área de tensão é o Mar Vermelho. O Exército dos Estados Unidos bombardeou, na terça-feira, um local no Iêmen a partir do qual os rebeldes huthis, que multiplicaram os seus ataques a navios que consideram vinculados a Israel, se preparavam para lançar quatro mísseis.