Centenas de milhares de pessoas protestam contra extrema direita na AlemanhaAFP

Centenas de milhares de pessoas protestaram na Alemanha, neste domingo (21), contra o partido de extrema direita AfD, uma mobilização de magnitude sem precedentes que começou há uma semana.

Desde sexta-feira, em torno de 100 manifestações foram registradas em todo o país e reuniram ao todo mais de 1,4 milhão de pessoas, de acordo com a organização Friday for Future e a aliança cidadã Campact, que estão entre os organizadores do movimento.

Em Berlim, no meio da escuridão da noite, os pontos luminosos dos celulares de milhares de manifestantes apontavam para o céu, traçando um rastro. Segundo a polícia, citada pela rádio RBB, 100 mil pessoas participaram da marcha, enquanto os organizadores afirmam que foram 350 mil.

Em Munique, cerca de 100 mil pessoas compareceram ao ato contra o partido Alternativa para a Alemanha (AfD). O contingente foi tão expressivo que fez a marcha ser interrompida.

Nos atos, era possível vez cartazes com as frases "Fora, nazistas" ou "Nunca mais, esse é o momento".

Também foi registrada uma presença maciça na esplanada do Palácio do Reichstag, o Parlamento alemão, em Berlim, estimada em 100 mil pessoas pela polícia, segundo a rádio RBB, e 350 mil, de acordo com os organizadores.

Quase 250 mil pessoas já haviam ocupado as ruas no sábado em dezenas de cidades de todo o país, segundo estimativas da rede ARD.

Os protestos eclodiram após a organização de jornalismo investigativo Correctiv divulgar, em 10 de janeiro, sobre uma reunião secreta em Potsdam, perto de Berlim, na qual se discutiu um projeto de expulsão em massa de imigrantes, solicitantes de asilo e cidadãos alemães "não assimilados".

Diversos membros da AfD, neonazistas e empresários compareceram ao evento, o qual a Ministra do Interior, Nancy Faeser, comparou à "horrível conferência de Wannsee", em 1942, na qual o regime nazista planejou o extermínio dos judeus europeus.

Defender a Alemanha de seus 'inimigos'
Estas revelações "levaram as pessoas às ruas (...) Pessoas que antes não faziam nada estão chegando agora", disse o manifestante Jörg Laurentsch, em Munique.

"Aqueles que talvez ainda não sabem se vão votar na AfD ou não, depois destas manifestações já não podem fazê-lo", disse outra protestante, Katrin Delrieux, que participou da mobilização por seus três filhos.

O partido, que entrou no Parlamento em 2017, está em segundo nas intenções de voto, com cerca de 22%, para as eleições regionais de setembro.

Os atos de domingo foram registrados em cerca de 40 cidades alemãs. Em Dresden, capital da Saxônia e reduto da AfD, a polícia relatou um "grande número de participantes".

Em Colônia, os organizadores estimaram a multidão em 70 mil pessoas, enquanto em Bremen, a polícia local contabilizou 45 mil manifestantes na região central.

Entre os participantes do "encontro da vergonha", como alguns meios de comunicação o definiram, estava uma figura de destaque do movimento identitário radical, o austríaco Martin Sellner.

O partido confirmou a presença dos seus membros na reunião, mas garantiu que não apoia o projeto de "remigração" apresentado por Sellner.

Políticos, representantes religiosos e treinadores de futebol fizeram um apelo à população para que se mobilizassem contra o partido, que de acordo com pesquisas, é o segundo nas intenções de voto em três estados do leste.

Os manifestantes "nos encorajam", declarou no domingo o presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier. "Eles defendem a nossa república e a nossa Constituição contra os seus inimigos", acrescentou.