Incêndio em parque de BogotáFoto: Reprodução/Internet

Cerca de 20 incêndios florestais mantêm Bogotá e várias regiões da Colômbia em alerta, em meio a recordes de calor provocados pelo fenômeno El Niño, segundo um balanço oficial divulgado nesta quarta-feira (24).

"Há 21 (focos de incêndio) ativos em todo o território nacional", informou a Unidade Nacional para a Gestão de Risco de Desastres (UNGRD). As autoridades investigam se tiveram origem acidental ou se foram premeditados.

Os principais focos foram registrados nos povoados de Cumaribo (departamento de Vichada, leste), Bogotá, Guarne (Antióquia, oeste), Tona (Santander, leste), Cesar (Valledupar, norte), Cucutilla (Norte de Santander, nordeste), Duitama e Aquitania (Boyacá, centro).

Segundo a UNGRD, o departamento com maior incidência é Cundinamarca (centro) - da qual Bogotá também é capital -, com incêndios em mais de cinco municípios. Em Nemocón, bombeiros trabalham em três frentes, constatou a AFP.

"Sobretudo no centro (de Bogotá), senti o ar muito mais pesado (...) É mais difícil de respirar", comentou à AFP Darwin López, um mensageiro de 42 anos.

Também foram afetados ecossistemas vitais para o ciclo da água situados em montanhas altas, como o Páramo de Berlín, em Santander, onde parte de sua vegetação tradicional de espeletias foi consumida pelas chamas.

O presidente colombiano, o esquerdista Gustavo Petro, anunciou, na rede social X, que vai emitir um decreto para declarar "desastre natural a fim de mobilizar recursos" para a resposta à emergência.

"Se a capacidade instalada não for suficiente, será pedida ajuda internacional", completou o presidente, ao assegurar que o país "teve mais de 500 incêndios e há municípios em estresse hídrico".

A Colômbia sofre nos últimos meses com fortes incêndios florestais devido ao calor extremo e às secas resultantes do El Niño, que vão se prolongar até junho, segundo os prognósticos, agravados pelo aquecimento global.

Nove municípios do norte, do centro e do leste do país registraram, na terça-feira, temperaturas recorde de até 40,4ºC.

A autoridade climática Ideam mantém sob alerta de incêndio 883 dos 1.101 municípios colombianos, mais da metade (586) em alerta vermelho.

'Cerros orientales'
Em Bogotá, um incêndio voraz queima desde a segunda-feira na cadeia montanhosa no limite leste da capital, conhecida como 'Cerros Orientales'.

Ao menos 12 hectares de mata foram afetados pelo fogo que, segundo as autoridades, foi controlado em 70%.

Mais de 300 bombeiros, militares e socorristas trabalham na contenção das chamas, apoiados por dois helicópteros equipados com sistemas de descarga de água, um pequeno avião e drones térmicos. Quatro pessoas ficaram feridas nos trabalhos, mas nenhuma com gravidade.

O prefeito da capital, Carlos Fernando Galán, confirmou, ao meio-dia desta quarta, dois novos focos: um na localidade de Sumapaz, que "começa a afetar o páramo" (campo de altitude nos Andes), e outro já controlado e em processo de "liquidação" no maior depósito de lixo da cidade.

As autoridades alertaram para "uma deterioração significativa" da qualidade do ar na cidade, de 8 milhões de habitantes.

"Toda a fumaça das montanhas está vindo para este lado e nos afeta (...) A gente fica como se estivesse se afogando", disse à AFP Héctor Rafael Escudero, motorista de 62 anos.

Animais silvestres, como coatis, corujas e outras aves também foram vistos se resguardando em áreas urbanas próximas.

"Nosso ecossistema foi afetado de forma severa, milhares de animais foram deslocados, outros morreram", informou o governo da capital em um boletim.

"Provocados"
No último balanço da terça-feira, Galán revelou que os bombeiros têm "indícios" de que a emergência ativa em Bogotá foi provocada por uma fogueira.

"Houve um local onde fizeram uma fogueira, houve grande intensidade de calor durante a noite (...) No entanto, desconhecemos qual foi a intenção", explicou a jornalistas, nesta quarta, o comandante do Corpo Oficial dos Bombeiros de Bogotá, Fidel Medina.

A ministra do Ambiente, Susana Muhamad, assegurou à Blu Radio que "90% (dos incêndios registrados no país) são provocados, seja por acidente - por exemplo, as pessoas fazem uma fogueira e esta sai do controle - seja premeditadamente".

A funcionária disse que foram mobilizadas "todas as forças operacionais no território" para atender e determinar a origem da onda de conflagrações.

O Ministério Público também anunciou, na terça-feira, uma investigação para determinar se há origem criminosa no incêndio ativo em Bogotá.