Chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony BlinkenAFP
A campanha diplomática ganhou maior urgência com o avanço das forças israelenses em direção a Rafah, cidade na fronteira com o Egito em que mais da metade da população da Faixa de Gaza buscou refúgio.
O Exército "chegará a lugares onde ainda não lutamos (...) até o último reduto do Hamas, que é Rafah", alertou na segunda-feira o ministro israelense da Defesa, Yoav Gallant.
Em sua quinta viagem à região desde o início da guerra há quase quatro meses, Blinken deve reunir-se no Cairo com o presidente egípcio, Abdel Fatah al Sissi, um dia após o encontro com príncipe herdeiro saudita Mohamed bin Salman em Riad.
O secretário de Estado viajará em seguida ao Catar e a Israel com a esperança de obter apoios para uma proposta de trégua apresentada em janeiro em Paris, que ainda não foi assinada por nenhuma das partes.
As tropas israelenses, com apoio naval e aéreo, travaram intensos combates urbanos na principal localidade do sul de Gaza, Khan Yunis, cidade natal do líder do Hamas no território, Yahya Sinuar.
Israel considera Sinuar o cérebro do ataque do Hamas em 7 de outubro contra o país, quando 1.160 pessoas foram assassinadas, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais.
Os milicianos islamistas também sequestraram quase 250 pessoas. Mais de 100 foram libertadas em uma trégua em novembro, mas Israel acredita que 132 continuam em Gaza, incluindo 28 supostamente mortas, de acordo com o gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
A ofensiva de represália de Israel matou 27.585 pessoas em Gaza, a maioria mulheres e menores de idade, segundo o balanço mais recente divulgado pelo Ministério da Saúde do Hamas.
'Não há lugar seguro'
Também destacou que os atiradores das Forças Armadas mataram mais de 15 milicianos e que um navio disparou mísseis contra uma "célula terrorista". Um correspondente da AFP observou bombardeios sobre Khan Yunis e Rafah.
"Não há lugar seguro, nenhum. Para onde devemos ir?", questionou Mohamad Kozaat depois que seis integrantes de sua família, incluindo sua filha, ficaram feridos em um bombardeio israelense na cidade fronteiriça.
O governo dos Estados Unidos apoia o aliado Israel com armamento e respaldo diplomático, mas também exigiu a proteção da população civil e negociações para a criação de um Estado palestino.
A proposta defendida por Blinken contempla uma pausa dos combates durante seis meses, uma troca de reféns israelenses por presos palestinos e mais ajuda humanitária para Gaza, segundo uma fonte do Hamas.
Netanyahu, que é pressionado por parte do seu gabinete que exige firmeza contra o Hamas e as famílias dos reféns que desejam a libertação, disse que Israel "não aceitará" as exigências do Hamas em uma troca.
De acordo com seu partido Likud, o primeiro-ministro disse que as condições da troca "deveriam ser semelhantes às do acordo anterior", que se baseou em uma proporção de três prisioneiros palestinos para cada refém israelense.
Ataques houthis
De modo paralelo à guerra em Gaza, a hostilidade aumentou em outros países da região, como Líbano, Iraque, Síria e Iêmen, onde grupos respaldados pelo Irã executam ataques em apoio ao Hamas.
Israel, Estados Unidos e seus aliados responderam aos ataques com bombardeios contra posições de grupos pró-Irã nestes países.
Os rebeldes houthis do Iêmen estão entre os alvos. Desde novembro, o grupo executa ataques contra navios supostamente vinculados a Israel no Mar Vermelho e no Golfo de Aden.
Estados Unidos e Reino Unido executaram no domingo uma nova série de bombardeios contra as posições houthis, que nesta terça-feira reivindicaram ataques contra navios dos dois países.
O porta-voz do grupo apoiado pelo Irã, Yahya Saree, afirmou que "o primeiro ataque foi direcionado contra o navio americano 'Star Nasia' e o segundo contra o navio britânico 'Morning Tide'".
A empresa de segurança Ambrey anunciou que um ataque com drone provocou "danos pequenos" em um navio de propriedade britânica.
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