Mãe da Navalny no vídeo gravado em frente à colônia penal em que o filho morreuReprodução: YouTube
Desde a sua morte em uma prisão do Ártico, anunciada em 16 de fevereiro, a mãe de Navalny e um dos advogados de Navalny têm tentado em vão recuperar os seus restos mortais.
"Peço a você, Vladimir Putin, a solução para este problema depende apenas de você. Permita-me ver meu filho. Peço que o corpo de Alexei seja devolvido sem demora para que ele possa ser enterrado humanamente", declarou a mulher, filmada perto da colônia penitenciária onde seu filho morreu.
Enterro
"Estas são obviamente acusações grosseiras e completamente infundadas contra o chefe de Estado russo, mas como Yulia Navalnaya ficou viúva há poucos dias, não comentarei", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
"Não me importa como o porta-voz de um assassino comenta as minhas declarações. Devolva o corpo de Alexei e deixe-nos enterrá-lo com dignidade, não impeça as pessoas de se despedirem dele", respondeu Navalnaya em sua conta na rede social X.
Pouco depois de postar esta mensagem, sua conta foi brevemente suspensa por supostamente violar as regras da plataforma. Em um vídeo publicado na segunda, Navalnaya prometeu substituir o marido e continuar sua luta.
Na segunda-feira, ela participou de uma reunião com os ministros das Relações Exteriores da União Europeia, durante a qual apelou aos 27 países membros do bloco para não reconhecerem o resultado das eleições presidenciais russas em meados de março, nas quais se espera que Putin seja reeleito na ausência da oposição e em um contexto de forte repressão.
Líder de gangue
"A polícia age dentro da estrutura da lei", justificou o porta-voz do Kremlin, Peskov, nesta terça-feira. Por outro lado, Peskov descreveu como rotineira a promoção ordenada por Putin na segunda-feira a altos funcionários dos serviços penitenciários russos. "Esses são processos normais de avanço", disse ele.
Navalny, que cumpria uma pena de 19 anos de prisão por "extremismo" em uma colônia no Ártico russo, morreu em 16 de fevereiro, segundo os serviços penitenciários, aos 47 anos.
Ele sobreviveu milagrosamente a um envenenamento em agosto de 2020, do qual se recuperou na Alemanha, antes de retornar à Rússia em janeiro de 2021.
Vários países ocidentais denunciaram a sua morte e pediram que as circunstâncias fossem esclarecidas. A Polônia convocou o embaixador russo nesta terça-feira, assim como outros países no dia anterior, incluindo França e Espanha.
Outro opositor e velho amigo de Navalny, Ilya Yashin, preso na Rússia por denunciar a ofensiva do seu país contra a Ucrânia, prometeu continuar a luta.
Em uma carta divulgada nesta terça-feira por pessoas próximas a ele, Yashin disse estar "convencido" de que Putin "ordenou" a morte de Navalny.
"Para Putin, é assim que o poder se afirma: com assassinato, crueldade e vingança reveladora. Esta forma de pensar não é a de um estadista. É a de um líder de gangue", estimou.
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