Presidente salvadorenho, Nayib BukeleAFP

Os salvadorenhos vão às urnas neste domingo (3) para eleger novos conselhos municipais, o último elo de poder que a oposição tenta desafiar o presidente reeleito Nayib Bukele, cujo partido também controla o Congresso.
São 6,2 milhões de eleitores convocados para a disputa, considerada um mero "procedimento" depois da vitória esmagadora de Bukele nas eleições gerais de 4 de fevereiro, nas quais o seu partido Novas Ideias também conquistou 54 dos 60 assentos no Congresso.
Os locais de votação abrem às 7h (10h no horário de Brasília) para uma votação de 10 horas. O Tribunal Supremo Eleitoral promete divulgar os resultados preliminares na noite de domingo.
Com 90% das cadeiras no Congresso conquistadas, Bukele tem votos suficientes para aprovar facilmente qualquer projeto de lei, eleger juízes do Supremo Tribunal e o procurador-geral e manter o estado de exceção com o qual combate as gangues desde há dois anos.
Beneficiando-se de sua cruzada contra as gangues, Bukele foi reeleito com 84,65% dos votos, segundo a contagem oficial.
A alta popularidade de Bukele é resultado de sua cruzada contra as gangues, que acumulou mais de 75 mil detidos e devolveu a paz às ruas do país.
Embora a cruzada seja questionada por organizações humanitárias, favorece o seu partido Novas Ideias nestas eleições, nas quais também serão eleitos 20 deputados ao Parlamento Centro-Americano.
"Em termos gerais, as eleições parecem ser uma questão de trâmite, não se espera grandes mudanças", afirma o diretor de estudos de opinião pública da Universidade Francisco Gavidia (UFG), Óscar Picardo.
Os resultados deste domingo "confirmarão a concentração de poder" de Bukele, o que "implicaria um maior enfraquecimento da oposição" de esquerda e direita, prevê Picardo.
Em junho de 2023, o Congresso reduziu os municípios de 262 para 44, uma reforma que beneficiaria o partido no poder.
Durante a campanha, os candidatos aos municípios do Novas Ideias garantiram que "estão mais dispostos e comprometidos em trabalhar de mãos dadas" com Bukele.
A campanha centrou-se "na figura presidencial [de Bukele], que é o que gera a atração dos eleitores", disse à AFP o diretor da ONG Iniciativa Social para a Democracia, Ramón Villalta.
Independentemente de quem ganhe, segundo Villalta, o que vai acontecer este domingo é "um distanciamento maior entre os representantes do nível local e os representados", devido à redução do número de municípios.