No poder há quase 25 anos, Putin conseguiu 10 pontos a mais do que em 2018AFP
Ao longo da semana foram registrados bombardeios e ataques de milicianos ucranianos em solo russo para tentar perturbar as eleições.
"É um indicador recorde. (...) Quase 76 milhões" de votos, disse a presidente da Comissão Eleitoral, Ella Pamfilova.
Putin, de 71 anos, foi reeleito para o seu quinto mandato com 87,28% dos votos, informou a comissão após a contagem de todos os colégios eleitorais do país.
O presidente russo comemorou a vitória na noite de domingo, ao final de três dias de eleições sem um verdadeiro candidato da oposição.
Os outros três candidatos obtiveram 4,31%, 3,85% e 3,20% respectivamente, segundo este resultado, que não inclui os votos no exterior. Putin, no poder há quase 25 anos, conseguiu 10 pontos a mais do que em 2018.
É um resultado "excepcional" e uma "confirmação eloquente do apoio do povo russo" ao presidente, reiterou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
Na sua opinião, as forças russas, desde que assumiram o controle de Avdiivka em meados de fevereiro, têm "toda a iniciativa" no front.
As eleições contaram com outros três candidatos, que apoiam a ofensiva na Ucrânia e a repressão contra a oposição, que culminou com a morte do principal representante da dissidência, Alexei Navalny, em uma prisão no Ártico, em fevereiro.
A oposição, que foi proibida de apresentar candidatos, conseguiu, no entanto, mostrar-se de maneira simbólica, respondendo ao apelo da viúva de Navalny, Yulia Navalnaya, que prometeu seguir com a causa do marido e pediu aos seus apoiadores que votassem ao meio-dia de domingo.
Navalnaya votou na embaixada russa em Berlim, onde vive exilada com os filhos. "Escrevi 'Navalny' porque não pode ser que, um mês antes das eleições, o principal adversário de Putin, que já estava na prisão, tenha sido assassinado", disse Navalnaya à imprensa. Para o Kremlin, a viúva do opositor "perdeu as raízes russas".
Em outras embaixadas russas, longas filas também se formaram ao meio-dia. Dezenas de milhares de russos exilaram-se no exterior desde o início da ofensiva contra a Ucrânia por medo da repressão ou de serem recrutados para o Exército.
Em alguns centros de votação em Moscou e São Petersburgo, as pessoas também se reuniram no mesmo horário.
No cemitério onde Navalny foi sepultado, na capital russa, dezenas de pessoas colocaram flores e cédulas com o nome do opositor.
Putin mencionou seu nome em público no domingo pela primeira vez em anos: "Quanto ao senhor Navalny. Sim, ele morreu. É um acontecimento triste".
Sem opções
Foi uma eleição "sem opções", acrescentou a ministra das Relações Exteriores alemã, Annalena Baerbock. Para a França, também não havia "condições para eleições livres, plurais e democráticas". Os aliados tradicionais da Rússia saudaram o resultado.
O presidente chinês, Xi Jinping, enfatizou o "total apoio" dos russos ao seu presidente. Os governos de Venezuela, Cuba e Nicarágua enviaram mensagens de felicitações.
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, expressou a sua "vontade inabalável de continuar trabalhando estreitamente" para "avançar na cooperação mutuamente benéfica".
O líder cubano, Miguel Díaz-Canel, destacou que o resultado eleitoral é "um exemplo confiável do reconhecimento do povo russo à sua gestão".
O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, descreveu a vitória "como uma contribuição para a estabilidade indispensável da comunidade humana".
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.