Haiti vive situação caótica devido ao aumento da violência de gangues no paísClarens Siffroy / AFP
O país caribenho tem vivido semanas de terror desde que bandos armados começaram a atacar locais estratégicos em Porto Príncipe, em uma disputa contra o primeiro-ministro, Ariel Henry.
Na semana passada, o premiê concordou em renunciar e abrir caminho para um conselho presidencial de transição, cuja formação tem sido atrasada por dissensões internas.
"As conversas continuam. Estou confiante de que levará um pouco de tempo, mas tudo indica que estão avançando", disse nesta quarta-feira Carolyn Rodrigues-Birkett, embaixadora da Guiana na ONU.
Uma fonte do governo haitiano afirmou à AFP que "nenhuma lista [de membros do conselho] foi comunicada" a Henry.
O líder questionado governava desde o assassinato do presidente Jovenel Moïse em 2021, mas, nas últimas semanas, sua posição tornou-se insustentável em um país que não realiza eleições desde 2016.
Um de seus primeiros desafios será conter a insegurança crônica, uma tarefa para a qual talvez recebam ajuda de uma missão internacional com policiais do Quênia.
Após a renúncia de Henry, o país africano suspendeu sua participação nessa força supervisionada pela ONU, mas depois afirmou que manteria seu compromisso assim que o conselho de transição fosse instalado.
Diante da violência em Porto Príncipe, os Estados Unidos anunciaram nesta quarta-feira que haviam fretado um helicóptero para transportar cerca de quinze de seus cidadãos da capital para a vizinha República Dominicana.
"Esperamos que o helicóptero faça várias viagens para tentar tirar o maior número possível de americanos", disse um porta-voz do Departamento de Estado.
Pelo menos 30 americanos devem ser evacuados a cada dia, incluindo esta quarta-feira, nesses voos que continuarão dependendo da situação de segurança e da demanda, explicou outro funcionário.
'Arruinado'
Seus membros agora buscam assumir o controle de vários bairros de Pétion-Ville, uma comuna abastada nos arredores da capital, informaram três moradores locais à AFP.
Em algumas estradas dessa área, os moradores ergueram barricadas em uma tentativa desesperada de se proteger do ataque dos grupos armados, disseram as mesmas fontes.
"Estou arruinado. Não tenho mais nada para vender", lamentou na terça-feira Gérard Vil, um comerciante da região. "Sempre vivi em Pétion-Ville, mas vendia coisas no centro de Porto Príncipe. Desde que a insegurança aumentou, não dá mais para vender lá".
Diante do caos e do temor de um êxodo em massa, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) lembrou que é "imperativo garantir que os haitianos recebam a proteção internacional do estatuto de refugiado que possam precisar".
"Também reiteramos nosso apelo a todos os Estados para que não forcem o retorno de pessoas ao Haiti, incluindo aquelas cujos pedidos de asilo foram rejeitados", insistiu a agência da ONU.
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