Luis Petri, ministro da Defesa da ArgentinaBo Amstrup / Ritzau Scanpix / AFP
O governo de Milei foi alvo de críticas no início da semana por ter montado um comitê de crise para discutir o conflito entre Irã e Israel - um exagero, segundo comentaristas argentinos. Mas Petri não participou das reuniões. Em vez disso, ele foi para Bruxelas tentar barganhar um lugar para a Argentina como sócio estratégico da aliança.
Status
A Otan tem 32 membros - após a adesão recente de Suécia e Finlândia. Além deles, a aliança cultiva parcerias globais com outras organizações internacionais e cerca de 40 países, para fortalecer a segurança fora do Atlântico Norte. Entre os sócios estão Austrália, Japão, Coreia do Sul, Paquistão, Emirados Árabes, Bahrein, Qatar e Israel. Na América Latina, apenas a Colômbia mantém esse status.
Na prática, a parceria significa cooperação em desafios globais em diversos setores, desde o combate ao terrorismo até as mudanças climáticas. Os sócios também podem receber ajuda para desenvolver suas instituições e forças de defesa, participar de missões de paz, além de exercícios e treinamentos militares.
Caças
De acordo com Petri, a Argentina pretende cooperar com a Otan em temas como ciberdefesa, na luta contra a desinformação e em segurança marítima. O pedido argentino foi protocolado dias depois de o ministro da Defesa firmar um acordo para a compra de 24 caças F-16 da Dinamarca. O valor do contrato é de US$ 300 milhões (R$ 1,5 bilhão). Para Petri, os aviões servirão para o país "ter uma resposta imediata diante de qualquer ameaça".
O valor foi criticado nas redes sociais por alguns argentinos que lidam com aumento da pobreza e forte ajuste em meio à meta de Milei de reduzir em 5 pontos porcentuais o PIB do país em nome do equilíbrio das contas. "Os aviões serão a coluna vertebral do sistema de defesa aérea na Argentina, missão que durante mais de 40 anos foi desempenhada pelos Mirage", disse.
Menem
A ofensiva de Milei lembra muito o esforço do então presidente argentino, Carlos Menem, de aderir à organização. Nos anos 90, ele declarou que pretendia manter "relações carnais" com os EUA e formalizou o pedido, em julho de 1999, em uma carta enviada ao presidente americano Bill Clinton e outra ao conselho militar da aliança.
A Otan levou apenas duas semanas para rejeitar o pedido de Menem Na época, o então secretário-geral da aliança, o espanhol Javier Solana, afirmou que não era possível admitir o país na Organização do Tratado do Atlântico Norte por uma questão geográfica: a Argentina estava localizada no Atlântico Sul.
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