Ex-presidente colombiano Álvaro UribeAFP

Álvaro Uribe se tornou, nesta sexta-feira (17), o primeiro ex-presidente da Colômbia a enfrentar um julgamento criminal. Uribe é acusado de subornar testemunhas, para que se mantivessem em silêncio sobre seus supostos vínculos com paramilitares.
De sua residência no noroeste do país, o ex-presidente (2002-2010) defendeu sua inocência e se disse vítima de um complô.
"Repito aos meus compatriotas que nunca enganei a justiça", disse Uribe aos meios de comunicação, pouco antes de participar de uma audiência virtual.
No início do processo, a juíza Sandra Heredia disse ter recebido um documento no qual o Ministério Público acusa Uribe de ter executado um plano para influenciar os depoimentos judiciais de membros dos grupos de extrema direita que cometeram centenas de massacres no final do século XX.
Embora o documento da promotoria não tenha sido divulgado ao público, partes dele vazadas pela imprensa mostram como Uribe teria usado emissários para "entregar e/ou prometer dinheiro" a paramilitares presos, em troca de "falsificarem" suas versões sobre a suposta relação com o ex-presidente.
Considerado um dos políticos mais influentes da Colômbia, Uribe, 71 anos, pode ser condenado a uma pena de seis a doze anos de prisão, nesta ação judicial de sua autoria e que se voltou contra ele.
Em 2012, Uribe, então senador, apresentou uma denúncia contra o deputado esquerdista Iván Cepeda, acusando-o de procurar falsos testemunhos para ligá-lo aos paramilitares que travaram uma guerra feroz contra as guerrilhas de esquerda entre os anos 1990 e o início dos anos 2000.
Mas a Corte Suprema não só se absteve de processar Cepeda, como também começou a investigar Uribe em 2018 por suspeitas de que ex-presidente foi quem realmente tentou manipular depoimentos.
Uribe desfrutou de imensa popularidade durante seu mandato, devido à política linha dura que enfraqueceu as guerrilhas.