Fotos da AFP tiradas entre outubro e abril mostram consistentes colunas de fumaça com fósforo branco no LíbanoJalaa Marey / AFP
"Começou um incêndio em frente à casa, havia um cheiro estranho (...) era difícil respirar. Quando a equipe de resgate chegou nos disse que era fósforo e nos levou para o hospital", disse ele à AFP por telefone, de sua casa em Hula, perto da fronteira com Israel.
O Exército israelense e o movimento libanês pró-Irã, Hezbollah, travam confrontos diários desde o ataque do Hamas a Israel, em 7 de outubro. O Líbano acusa Israel de usar os controversos projéteis de fósforo branco em ataques que as autoridades dizem prejudicar civis e o meio ambiente.
"O uso extensivo de fósforo branco por Israel no sul do Líbano coloca os civis em sério risco e contribui para o deslocamento de civis", declarou a Human Rights Watch em relatório divulgado nesta quarta-feira (5).
A organização disse ter "verificado o uso de munições de fósforo branco pelas forças israelenses em pelo menos 17 municípios do sul desde outubro", incluindo cinco casos em áreas residenciais.
'Asfixia'
Hammud contou que naquele dia, ele e sua esposa foram internados em um hospital em Mais al Jabal, onde precisaram receber oxigênio. A unidade médica relatou que quatro civis foram internados sob cuidados intensivos por "asfixia e grave dificuldade respiratória devido ao fósforo branco".
O Ministério da Saúde libanês registrou 178 pessoas afetadas pela "exposição química devido ao fósforo branco" desde outubro. Soldados da Força Interina da ONU no Líbano também detectaram esta substância em suas instalações, segundo um funcionário da organização sob condição de anonimato.
Entre 10 e 16 de outubro de 2023, a Anistia Internacional já havia reportado "evidências de utilização ilegal de fósforo branco por Israel" no sul do Líbano. Neste mesmo mês, Beirute apresentou uma queixa à ONU denunciando que o uso desta substância por Israel "põe em perigo a vida de civis inocentes e causa degradação ambiental generalizada".
Em dezembro daquele ano, os Estados Unidos também expressaram preocupação sobre a utilização do fósforo branco que havia sido fornecido por Washington.
Os confrontos na fronteira deixaram mais de 450 mortos no Líbano, segundo um relatório da AFP, a maioria combatentes e 88 civis. Israel afirma, por sua vez, que 14 soldados e 11 civis foram mortos em seu território.
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