Senador Alexandre Ouizille, da coalização de esquerda Nova Frente Popular (NFP)Emmanuel Dunand / AFP
Coalizão de esquerda na França propõe taxar grandes fortunas e superlucros
Eleições legislativas estão marcadas para 30 de junho e 7 de julho. A extrema direita lidera as pesquisas, seguida pelo NFP e pela aliança de Macron
A coalizão de esquerda na França apresentou, nesta sexta-feira (21), a sua visão econômica do seu programa eleitoral baseado em uma "redistribuição da riqueza", que inclui impostos mais altos sobre as grandes fortunas e os superlucros das empresas.
"Vamos reintroduzir imediatamente um imposto de solidariedade sobre a riqueza (ISF) com um componente climático de 15 bilhões de euros (16 bilhões de dólares ou 86,7 bilhões de reais)", declarou o senador socialista Alexandre Ouizille, na coletiva de imprensa da Nova Frente Popular (NFP).
A este imposto, que o presidente Emmanuel Macron aboliu quando chegou ao poder em 2017 para atrair investimentos para a França, será adicionado também um imposto sobre os superlucros das empresas, com o qual seriam arrecadados mais 15 bilhões de euros.
Estes 30 bilhões de euros (32 bilhões de dólares ou 173,5 bilhões de reais) serviriam para financiar a revogação da impopular reforma da Previdência de Macron, o aumento na assistência à habitação social e o aumento salarial para os funcionários públicos, entre outras medidas.
Perante as críticas dos seus rivais eleitorais, o NFP apresentou um programa em que despesas públicas adicionais de cerca de 150 bilhões de euros (160 bilhões de dólares ou 868 bilhões de reais) até 2027 seriam compensadas por lucros equivalentes, graças ao aumento da tributação.
"A economia francesa não resistirá a tal choque fiscal e orçamental", reagiu a aliança centrista Juntos pela República do presidente francês, que chegou ao poder com um programa reformista e liberal, com o objetivo declarado de controlar as finanças públicas.
Mas em plena campanha eleitoral legislativa, que Macron antecipou três anos devido à vitória da extrema direita nas eleições europeias de 9 de junho na França, esta imagem sofreu um revés na quarta-feira.
A Comissão Europeia abriu um processo disciplinar contra a segunda maior economia da UE, cujo déficit público ultrapassa os 3% do Produto Interno Bruto (PIB) previsto pelas normas europeias - 5,5% em 2023 - e cuja dívida também ultrapassa o limite de 60% - 110% em 2023.
"As contas públicas devem ser restabelecidas", apelou nesta sexta-feira o ministro da Economia, Bruno Le Maire, que atribuiu estes desvios às medidas adotadas contra o coronavírus e ao impacto da guerra na Ucrânia na inflação.
As eleições legislativas estão marcadas para 30 de junho e 7 de julho. A extrema direita lidera as pesquisas, seguida pelo NFP e pela aliança de Macron.
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