Tentativa de golpe não contou com o apoio de muitas lideranças militaresJorge Bernal/AFP

O chefe de uma unidade de elite das Forças Armadas da Bolívia foi detido pela polícia, acusado de ordenar o envio de 19 franco-atiradores para apoiar o fracassado golpe militar de 26 de junho, informou o governo nesta terça-feira (2).
Na segunda-feira, "foi realizada a prisão do comandante da unidade F-10, em cumprimento ao pedido da Procuradoria", disse em uma coletiva de imprensa Roberto Ríos, vice-ministro de Segurança do Ministério do Governo (Interior).
A Procuradoria afirmou que o detido é o Major Vladimir Lupa Salamanca, que se junta a outros 21 detidos, entre militares da ativa, da reserva e civis, pelo tentativa de golpe. O líder da revolta, o ex-chefe do Exército Juan José Zúñiga, e os antigos comandantes da Força Aérea e da Marinha foram presos.
Ríos explicou que as primeiras investigações apontam Lupa como responsável por ordenar o deslocamento de 19 franco-atiradores da unidade F-10 do departamento de Cochabamba (centro) para La Paz, "com o objetivo de perpetrar e consolidar o que era um golpe de Estado militar".
Segundo o vice-ministro, dos 19 militares, apenas cinco chegaram a La Paz. O governo afirma que 14 civis que tentaram repelir a tentativa de golpe foram feridos por balas disparadas por militares.
A Praça de Armas, onde está localizada a sede do governo, foi tomada por militares por várias horas. Zúñiga argumentou que era para restaurar a democracia, enquanto o governo falou de uma tentativa de golpe de Estado.
A oposição e o ex-presidente Evo Morales, um antigo aliado de Arce, questionaram a versão oficial e falaram de "autogolpe" para melhorar a imagem do presidente.
A comunidade internacional condenou a revolta militar, enquanto o presidente argentino, Javier Milei, rotulou o que aconteceu como uma "fraude montada".
As declarações do chefe da Casa Rosada levaram La Paz a convocar seu embaixador em Buenos Aires para consultas e chamar o chefe da diplomacia argentina na Bolívia.