Juan José Zuñiga durante evento militar me 18 de abril de 2024Divulgação / Governo da Bolívia / AFP
Zúñiga declarou durante a tentativa de invasão ao palácio que os militares pretendiam "reestruturar a democracia" na Bolívia, e exigiu a libertação dos opositores presos. Ele criticou o governo do presidente Luis Arce e disse que os militares estavam tentando instalar "uma verdadeira democracia, não para poucos".Momento que o general Juan José Zúñiga foi apresentado à mídia na condição de detido após a fracassada tentativa de golpe de Estado. Já imaginaram uns generais bolsonaristas sendo expostos aos jornalistas dessa forma?
— GugaNoblat (@GugaNoblat) June 27, 2024
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"Chega de governo de poucos", disse o general. "Olhem onde isso nos levou! Nossos filhos não têm futuro, nosso povo não tem futuro, e o exército não tem falta de coragem para lutar pelo amanhã de nossos filhos."
Mais tarde, antes de ser preso, o militar argumentou que foi Arce quem lhe ordenou que liderasse o movimento de soldados e tanques do Exército. Segundo Zúñiga, Arce argumentou que "a situação está muito complicada" e que se justificava uma ação que o favorecesse.
Zuñiga atuou como Comandante Geral do Exército boliviano desde novembro de 2022 até a terça-feira, 25, quando perdeu o cargo por uma ameaça contra Evo Morales. O ex-chefe do Exército declarou para uma emissora local que prenderia Evo se o ex-presidente insistisse em se candidatar nas eleições de 2025, apesar de ter sido inabilitado pela justiça eleitoral.
"Legalmente, ele está inabilitado, esse senhor não pode voltar a ser presidente deste país", afirmou o general. Todos os setores políticos criticaram Zúñiga, argumentando que os militares não deliberam.
Na mesma entrevista, ele também declarou que as Forças Armadas da Bolívia são "o braço armado do povo, o braço armado da pátria".
Como Chefe do Estado-Maior do Exército, Zúñiga foi acusado por Evo de comandar o Pachajcho, um grupo militar que supostamente tinha um plano para matar o ex-presidente.
"Hoje ele tem um doutorado em Inteligência (...), certamente ele sabe muito e sabe muitas coisas sobre Evo Morales e muitas coisas sobre o presidente Luis Arce e o Alto Comando Militar", disse o jurista Omar Durán, em 2022, quando Zúñiga assumiu o comando do Exército.
Antes de assumir o cargo, o militar era chefe de gabinete. No passado, segundo a imprensa boliviana, foi acusado de corrupção com o desvio de pelo menos 2,7 milhões pesos bolivianos, destinados a iniciativas sociais.
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