Sede da Otan, em BruxelasDivulgação/Otan

A Otan inicia, nesta terça-feira (9), uma cúpula em Washington pelo seu 75º aniversário, que provavelmente confirmará o seu apoio à Ucrânia na guerra contra a Rússia, mas será obscurecida pela incerteza política nos Estados Unidos.

A apenas quatro meses das eleições presidenciais, Biden, de 81 anos, precisa provar a cada dia que é capaz de vencer o rival republicano Donald Trump e governar a maior potência militar do mundo.

Os pedidos são cada vez mais intensos, inclusive dentro do Partido Democrata, para que Biden desista da candidatura pela reeleição após o debate catastrófico do final de junho contra o rival de 78 anos, quando o democrata pareceu cansado e confuso.

Além dos eleitores americanos, Biden precisa acalmar os líderes dos 32 países da Otan que devem participar do encontro de três dias.

"Nossos aliados esperam uma liderança americana", disse Biden ao canal MSNBC na segunda-feira, quando recordou que em seu mandato a Otan foi ampliada.

Finlândia e Suécia aderiram à organização em 2023 e 2024, respectivamente, após a invasão russa da Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022.

Ataques russos
A Otan se reúne um dia depois de a Rússia ter realizado um ataque massivo a cidades ucranianas, incluindo hospitais, que deixou 38 mortos.

Kiev afirma que um míssil de cruzeiro russo Kh-101 atingiu um hospital pediátrico, mas a Rússia alega que o ataque foi provocado por sistemas de defesa antiaérea ucranianos e que ataca apenas infraestruturas militares.

Durante uma visita a Varsóvia, o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, pediu ao Ocidente uma "resposta mais forte" à Rússia.

Em um vídeo, Zelensky anunciou que chegou a Washington para as cerimônias da Otan, aliança criada em 1949 para responder à ameaça soviética.

"Estamos fazendo e sempre faremos todo o possível para que o terrorista russo perca", afirmou, acrescentando que pedirá aos aliados mais sistemas de defesa antiaérea, aviões de combate e garantias adicionais de segurança contra os ataques russos, que destruíram metade da capacidade do país de gerar energia.

"Esta semana, em Washington, veremos os líderes da Otan se reunirem e se unirem para que a Ucrânia tenha capacidades de defesa antiaérea a longo prazo", disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, John Kirby, à CNN na manhã desta terça-feira.

Nem tão perto
Sem revelar detalhes, Biden prometeu na segunda-feira que anunciaria, em conjunto com os aliados da Otan, "novas medidas para fortalecer a defesa antiaérea da Ucrânia" e ajudar a proteger suas cidades e os civis dos ataques russos.

A Ucrânia aguarda um convite formal para entrar na Otan, mas vários países, incluindo os Estados Unidos, expressam oposição.

O país, no entanto, pode receber a promessa de que o processo de adesão é "irreversível", segundo uma fonte diplomática - mas o compromisso estaria submetido a algumas condições.

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, destacou que as medidas a favor da Ucrânia são elementos que favorecem a adesão.

"É um esforço muito sério para colocar a Ucrânia em uma posição na qual estará preparada para assumir o seu papel e suas responsabilidades dentro da aliança desde o primeiro dia de adesão", disse uma fonte do governo americano.

Uma perspectiva que enfurece a Rússia. O Kremlin anunciou nesta terça-feira que acompanhará esta cúpula com "atenção máxima".

A China, por sua vez, criticou as "calúnias" e os "ataques" da Otan depois que o secretário-geral Stoltenberg a acusou de apoiar a invasão russa da Ucrânia.

Vários países da região Ásia-Pacífico foram convidados a participar da cúpula, incluindo Coreia do Sul, Austrália e Japão.

O chanceler sueco, Tobias Billstrom, afirmou em Washington que a Aliança precisa continuar confrontando a Rússia, mas a Ásia "também deve ser reconhecida como parte das preocupações e dores de cabeça da Otan" para garantir o apoio dos Estados Unidos.

"O povo americano está mais preocupado com a ameaça representada pela China do que com a Rússia, por razões óbvias", disse ele, ciente de que Trump é altamente crítico em relação à Aliança.