Chanceler da Alemanha, Olaf ScholzAFP

O chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, elogiou nesta quinta-feira (11) a decisão dos Estados Unidos de instalar periodicamente mísseis de longo alcance em território alemão, como um passo para aumentar a dissuasão contra a Rússia.
A medida, que marca o retorno dos mísseis de cruzeiro americanos à Alemanha após uma ausência de 20 anos, gerou críticas até mesmo dentro do Partido Social-Democrata (SPD) de Scholz.
O chanceler alemão disse à imprensa, durante a cúpula da Otan em Washington, que essa é uma decisão "necessária e importante", tomada "no momento certo" e que "garante a paz".
Washington anunciou na quarta-feira que as "instalações periódicas" dos mísseis na Alemanha começarão em 2026 e serão armas de "alcance significativamente maior" do que os sistemas americanos atualmente em uso na Europa.
A medida demonstra "o compromisso dos Estados Unidos com a Otan" e "a dissuasão integrada europeia", conforme declarado em um comunicado conjunto com o governo alemão.
O ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, afirmou à rádio Deutschlandfunk que a decisão de instalação preenche uma "lacuna muito grave" nas capacidades de seu país, que não possui mísseis de longo alcance capazes de serem lançados do solo.
O anúncio provocou indignação na Alemanha, onde a instalação de mísseis americanos traz lembranças dolorosas da Guerra Fria.
Ralf Stegner, deputado do SPD de Scholz, disse ao grupo de mídia Funke que uma nova "corrida armamentista" pode estar começando.
"Isto não tornará o mundo mais seguro. Pelo contrário, estamos entrando em uma espiral na qual o mundo se tornará cada vez mais perigoso", alertou.
Sahra Wagenknecht, uma importante figura da esquerda alemã, afirmou à revista Spiegel que a instalação dos mísseis americanos "aumenta o perigo de que a própria Alemanha se torne um teatro de guerra".