Netanyahu irá discursar no Congresso dos EUA em meio a críticas do governo BidenAbir Sultan / AFP
A visita do dirigente israelense em Washington ocorre em um momento de agitação política nos Estados Unidos, com a tentativa de assassinato de Donald Trump, a desistência de Joe Biden da corrida à Casa Branca e a entrada de Kamala Harris na disputa, candidata quase certa às eleições de novembro contra o magnata republicano.
Não é a primeira vez que Netanyahu tem a oportunidade de interferir na política norte-americana. Em 2015, utilizou o Congresso dos EUA para tentar pressionar o então presidente Barack Obama contra um acordo nuclear com o Irã.
O premiê israelense, que faz visita a Washington à convite de líderes republicanos do Congresso, discursará em uma sessão especial a partir das 18h00 GMT (15h00 em Brasília).
Esta também é a quarta vez (um recorde para um líder estrangeiro) que Netanyahu fala perante o Congresso, um privilégio comumente reservado a dirigentes em visita de Estado.
Na quinta-feira (25), se reunirá na Casa Branca com o presidente Joe Biden, com quem mantém uma relação complicada, e, no dia seguinte, viajará a Mar-a-Lago a convite de Trump, com o qual tem um bom relacionamento.
Também está prevista uma reunião com Kamala Harris, que não estará presente em seu discurso devido a problemas de agenda. Segundo o protocolo, a vice-presidente americana deveria presidir a sessão.
Visita polêmica
Muitos congressistas democratas estão furiosos com o líder de direita pela forma como está travando a guerra na Faixa de Gaza contra o grupo islamista palestino Hamas, um conflito que deixou dezenas de milhares de civis mortos. Alguns anunciaram um boicote ao discurso desta quarta-feira.
"Não, Netanyahu não é bem-vindo no Congresso dos Estados Unidos", escreveu o senador de esquerda Bernie Sanders na rede social X.
O presidente republicano da Câmara dos Representantes, Mike Johnson, alertou que não tolerará nenhum protesto durante o discurso.No, Netanyahu should not be welcomed into the U.S. Congress.
— Bernie Sanders (@SenSanders) July 22, 2024
On the contrary, his policies in Gaza and the West Bank and his refusal to support a two-state solution should be roundly condemned.
As I stated last month, I will not be attending his address. pic.twitter.com/sM8NKt1Bu2
Cerca de 200 manifestantes judeus contrários à guerra foram presos na terça-feira na área do Capitólio, o que demonstra o alto nível de tensão na capital americana diante da visita do premiê.
Pós-guerra
Segundo o presidente democrata, é preciso proteger mais os civis e permitir a entrada de ajuda humanitária.
Até o momento, a prioridade de Biden é pressionar o premiê israelense para que conclua um acordo de cessar-fogo com o Hamas, em um cenário no qual observadores suspeitam que ele está demorando a decidir sobre o assunto por pressão de membros da extrema direita de seu governo.
Para Washington, trata-se também da preparação para o período pós-guerra. Existe uma enorme distância entre a administração Biden e o governo Netanyahu sobre a perspectiva de criação de um Estado palestino.
"É essencial garantir que temos um plano, que é aquilo em que trabalhamos todos os dias, com os nossos parceiros árabes, com Israel, (...) para a governança, segurança, ajuda humanitária e reconstrução" de Gaza, declarou o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, na sexta-feira.
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