Mulher protesta em varanda após resultado das eleiçõesAFP
Venezuela tem ruas vazias e protestos após reeleição de Maduro
Oposição afirma ter vencido com 70% dos votos
A reeleição do presidente Nicolás Maduro desperta inquietação dentro e fora da Venezuela, com pedidos de transparência de vários líderes mundiais após uma eleição que a oposição afirma ter vencido. As ruas de Caracas amanheceram desertas, em um clima quase fúnebre. Alguns comércios permaneceram fechados e manifestantes bateram panelas em protesto em ruas e prédios.
A autoridade eleitoral venezuelana proclamou oficialmente, nesta segunda-feira (29), Maduro como vencedor das eleições de domingo.
"Os venezuelanos expressaram sua vontade absoluta ao eleger Nicolás Maduro Moros como presidente da República Bolivariana da Venezuela para o período 2025-2031", disse o presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Elvis Amoroso.
Enquanto isso, cresce a incerteza sobre os próximos passos que a oposição, liderada por María Corina Machado, e seu candidato, Edmundo González, vai tomar. Antes do anúncio do CNE, de viés governista, vários países reagiram aos resultados.
Os Estados Unidos, que foram fundamentais no processo que levou à eleição, e os vizinhos Brasil e Colômbia, os três países que mais receberam migrantes venezuelanos, questionaram a apuração que deu a Maduro um terceiro mandato de seis anos com 51% dos votos, contra 44% de González, segundo o CNE.
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, expressou "séria preocupação" com o resultado, pedindo uma contagem "justa e transparente". Brasília reafirmou "o princípio fundamental da soberania popular, a ser observado por meio da verificação imparcial dos resultados" da votação e assegurou que "acompanha com atenção o processo de apuração".
O governo de Gustavo Petro, o primeiro presidente de esquerda da história da Colômbia e aliado de Maduro, pediu a "contagem total dos votos, sua verificação e auditoria independente". O presidente chileno, Gabriel Boric, por sua vez, afirmou que os resultados são "difíceis de acreditar".
França, Espanha e a União Europeia pediram "total transparência" sobre o processo. E os governos da Argentina, Costa Rica, Equador, Guatemala, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai exigiram nesta segunda-feira a "revisão completa dos resultados".
Além disso, anunciaram que solicitarão uma reunião urgente do Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA) para emitir uma resolução que salvaguarde a vontade popular. Enquanto isso, China, Rússia, Cuba, Nicarágua, Honduras e Bolívia parabenizaram Maduro.
"Não é o resultado ideal para Maduro", disse à AFP Rebecca Hanson, professora do Centro de Estudos Latino-Americanos da Universidade da Flórida. "Em termos de ganhar alguma legitimidade internacional, que era um objetivo para Maduro, estas eleições foram um desastre".
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