Manifestante se esconde enquanto policiais se aproximamJuan Barreto/AFP

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, responsabilizou González Urrutia pelos protestos que geraram ao menos 12 mortes e centenas de prisões desde o anúncio da contestada vitória eleitoral do atual chefe de Estado, nesta segunda-feira (29).
"Responsabilizo o senhor, González Urrutia, por tudo o que está acontecendo na Venezuela, pela violência criminosa, pelos delinquentes, pelos feridos, pelos mortos, pela destruição", disse na terça-feira.
"A justiça será feita contra diabos e demônios. Haverá justiça. Saia da sua guarida, senhor covarde!", gritou o presidente mais tarde referindo-se a Urrutia e María Corina, diante de centenas de apoiadores que se concentraram em frente ao palácio presidencial Miraflores.
Durante a manifestação em Caracas, González Urrutia pediu que os militares mantenham a calma. "Senhores das Forças Armadas: não há razão para reprimir o povo da Venezuela, não há motivo para tanta perseguição", disse.
O presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Jorge Rodríguez, também atribuiu os protestos pós-eleitorais a González Urrutia e María Corina Machado, que segundo ele "deveriam ser detidos".

"María Corina e Edmundo devem ser detidos. Não negociamos com o fascismo, aplicamos todo o rigor das leis da República", disse durante uma sessão da Assembleia Nacional.

O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, e o responsável pela diplomacia da UE pediram respeito à manifestação pacífica dos opositores.

'Número alarmante'
A ONG de defesa dos direitos humanos Foro Penal contabiliza pelo menos 11 civis mortos nos protestos, incluindo dois menores de idade.

"Preocupa-nos o uso de armas de fogo nestas manifestações. O fato de terem ocorrido 11 mortes é um número alarmante", considerou Alfredo Romero, diretor da Foro Penal.

O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, também relatou a morte de um militar e anunciou que 749 pessoas foram detidas.

A ONG 'Encuesta Nacional de Hospitales' informou que 84 civis ficaram feridos nos protestos, enquanto o Ministério da Defesa mencionou que 23 militares sofreram ferimentos.

O líder opositor Freddy Superlano foi detido na terça-feira, no que a oposição chamou de "escalada repressiva". O seu partido, Vontade Popular, denunciou a "torturas" para "obrigá-lo a confessar o falso plano montado pelos porta-vozes do regime".

As Forças Armadas, principal apoio do governo, expressou "lealdade absoluta e apoio incondicional" a Maduro, declarou o ministro da Defesa, general Vladimir Padrino, que respaldou a tese de golpe contra o presidente.

O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, pediu que aqueles que questionam e denunciam uma fraude eleitoral "não metam o nariz" nos assuntos internos da Venezuela os que questionam e, inclusive, denunciam fraudes nas eleições. Na Cidade do México, centenas de venezuelanos denunciaram a "fraude" eleitoral.

Seis colaboradores de María Corina estão refugiados há seis semanas na embaixada argentina. A líder de oposição denunciou um cerco policial à sede diplomática. A Argentina afirmou que se trata de "assédio".
Com informações da AFP.