Membro da Comissão Pontifícia anti-pedofilia, o cardeal Sean Patrick O'MalleyAFP
Cardeal que lutava contra a pedofilia na Igreja Católica renuncia
Para o seu posto, Francisco nomeou Richard G. Henning, de 59 anos, que até então era bispo de Providence, no nordeste dos EUA
O papa Francisco anunciou nesta segunda-feira, 5, que aceitou a demissão do cardeal responsável pela luta contra a pedofilia na Igreja Católica, o norte-americano Sean O'Malley, que chegou ao limite de idade de 80 anos.
"O Santo Padre aceitou o pedido de demissão do governo pastoral da Arquidiocese Metropolitana de Boston (nordeste dos Estados Unidos), apresentado por Sua Eminência o cardeal Sean Patrick O'Malley", indicou o Vaticano em comunicado.
Para o seu posto, Francisco nomeou Richard G. Henning, de 59 anos, que até então era bispo de Providence, no nordeste dos EUA.
O limite de idade para bispos e membros da Cúria Romana está oficialmente fixado em 75 anos, mas o pontífice flexibilizou esta regra em 2018. Contudo, os cardeais que chegam aos 80 anos de idade já não são eleitores no conclave.
Sean O'Malley se destacou na gestão da Igreja Católica sobre vários escândalos sexuais cometidos por religiosos contra menores de idade, mas também por sua constante defesa aos migrantes.
Em 2003, substituiu em Boston o cardeal Bernard Law, que renunciou devido ao enorme escândalo causado pelo tratamento desastroso dos casos de pedofilia nesta cidade americana e sua região. Este caso, conhecido como "Spotlight", deu origem ao filme de mesmo nome de 2015.
O'Malley negociou um acordo de compensação de US$ 90 milhões (R$ 474 milhões na cotação atual) para mais de 500 vítimas. Para isso, vendeu a sede do arcebispado e suprimiu 65 das 357 paróquias de sua diocese.
Nomeado cardeal pelo papa Bento XVI durante o consistório de 24 de março de 2006, foi designado em 2014 para a nova Pontifícia Comissão para a Proteção dos Menores, o órgão do Vaticano criado para combater a pedofilia.
Contudo, a comissão foi muito criticada. Seu membro mais influente, Hans Zollner, que renunciou em março de 2023, classificou que a mesma sofria de problemas estruturais e de transparência.
O cardeal O'Malley se defendeu afirmando que, no momento de sua criação, havia "expectativas pouco realistas sobre o que este grupo de voluntários seria capaz de alcançar".
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