Nicolás MaduroAFP

O ex-candidato opositor venezuelano Enrique Márquez afirmou, nesta quarta-feira (14), que pedirá uma investigação criminal contra os diretores da autoridade eleitoral por proclamarem Nicolás Maduro presidente reeleito ao mesmo tempo em que denunciavam um ataque ao sistema de votação.
Márquez, que também foi reitor do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) entre 2021 e 2023, alegou que os diretores deste órgão "se acertaram para emitir um boletim que destrói o voto".
O opositor falou em "conspiração para destruir a forma política". "Deveriam ter que dar as caras e explicar o suposto hackeamento", insistiu.
O CNE proclamou Maduro vencedor das eleições com 52% dos votos para um terceiro mandato de seis anos, até 2031, mas até agora não publicou os detalhes mesa por mesa da apuração, alegando que o sistema de votação foi alvo de um ataque cibernético, afirmação que o Centro Carter e outros observadores desconsideraram.
Enquanto isso, a oposição liderada por María Corina Machado denuncia fraude e reivindica a vitória de Edmundo González Urrutia. Os opositores publicaram em um site cópias de mais de 80% das atas, as quais afirmam comprovar que venceram.
O chavismo, por outro lado, diz que estes documentos são falsificados e denuncia uma tentativa de golpe de Estado.
Maduro pediu ao Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), também acusado de servir ao governo, para "certificar" o resultado, em um processo criticado por opositores e acadêmicos.
"Ninguém tem acesso ao expediente, completa opacidade por parte da Sala Eleitoral do Tribunal Supremo de Justiça", lamentou Márquez, que pediu à corte "que este processo seja declarado nulo".
O opositor exigiu também "que a Sala Eleitoral ordene a contagem dos votos". "Mas não para que a Sala Eleitoral o faça, é o CNE quem deve fazê-lo e o CNE deve ter as caixas (com as cédulas) eleitorais".
"Queremos 100% das urnas eleitorais (...), que o CNE as abra, claro, com testemunhas nacionais e internacionais, para esclarecer as dúvidas, ou será que as caixas também foram atacadas?", questionou.
Estados Unidos, Europa e vários países da América Latina também pressionam a Venezuela por uma apuração mais transparente.
Além de Maduro e González Urrutia, outros oito candidatos concorreram nas eleições presidenciais de 28 de julho.
Márquez era visto como uma salvaguarda para os opositores caso a candidatura de González Urrutia fosse anulada.