Manifestantes protestam contra o processo eleitoral da Venezuela e o presidente Nicolás AFP
As atas, que são semelhantes a um recibo de supermercado impresso pela máquina de votação com os resultados registrados em cada dispositivo, são o principal argumento da oposição, liderada por María Corina Machado, para alegar o que consideram ser uma fraude eleitoral em 28 de julho.
"Não vamos deixar as ruas!", advertiu Machado, que saiu da clandestinidade para liderar o protesto em Caracas. "Com inteligência, com prudência, com resiliência, com audácia e pacificamente, porque a violência convém a eles [governo]. O protesto pacífico é nosso direito".
"Hoje, temos mais força do que nunca", declarou a líder diante de uma multidão. "A voz do povo deve ser respeitada. Que o mundo e todos dentro da Venezuela reconheçam que o presidente eleito é Edmundo González Urrutia", o candidato opositor nas eleições de julho.
Machado declarou ter cópias de mais de 80% das atas que, segundo ela, provam a vitória de González e desmentem o resultado oficial que deu 52% dos votos a Maduro.
Enquanto ela passava, os manifestantes gritavam "Liberdade, liberdade!" e "Valente!". Alguns pontos da capital estavam sob vigilância de blindados da Guarda Nacional e de policiais em motos.
Adriana Calzadilla, uma professora de 55 anos, expressou sua determinação ao participar da manifestação em Caracas: "Se ficarmos calados, isso não faz sentido. Este é um governo criminoso que quer se perpetuar no poder. Sinto cheiro de liberdade, não tenho nada a temer".
González ausente
Assim como Machado, ele está na clandestinidade desde que as autoridades abriram uma investigação penal contra ambos por "instigação à rebelião", entre outros crimes, após Maduro pedir sua prisão.
Em um vídeo publicado nas redes sociais, González afirmou que as manifestações deste sábado "são uma força que fará respeitar a decisão de mudança". "Temos os votos, temos as atas, temos o apoio da comunidade internacional e temos os venezuelanos decididos a lutar por nosso país", acrescentou.
A convocação opositora se espalhou pelo mundo, refletindo a diáspora venezuelana de quase 8 milhões de pessoas, com manifestações ocorrendo desde a Colômbia até a Austrália, passando pelos Estados Unidos, Europa e Ásia.
Marcha chavista
Uma caravana com dezenas motociclistas partiu do bairro populoso de Petare em direção ao centro, onde a oposição estava concentrada. O canal estatal VTV mostrou manifestações de apoio em outras cidades.
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) ainda não publicou a contagem detalhada mesa por mesa, alegando que o sistema de votação automatizado foi alvo de um "ataque ciberterrorista".
Estados Unidos, União Europeia (UE) e países da América Latina não reconheceram o resultado oficial da votação. Brasil e Colômbia estão liderando esforços para encontrar uma solução política para a crise, propondo a repetição das eleições, uma ideia rejeitada tanto pelo chavismo quanto pela oposição.
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