Vladimir Putin, presidente da RússiaMikhail Metzel / Pool / AFP
Em 6 de agosto, o exército ucraniano atacou a região fronteiriça de Kursk, assumindo o controle de parte do território em uma incursão que pegou Moscou de surpresa e transferiu, pela primeira vez de forma massiva e prolongada, os confrontos para o território russo.
O conselheiro de Zelensky, Mikhailo Podoliak, afirmou na sexta-feira que um dos objetivos desta ofensiva é "persuadir a Rússia a entrar em um processo de negociações justas" e não ocupar permanentemente os territórios ocupados.
"Na fase atual, dada esta aventura, não vamos conversar", declarou Yuri Ushakov, conselheiro diplomático do presidente Vladimir Putin, à mídia russa Shot nesta segunda-feira. "Neste momento, iniciar um processo de negociação seria totalmente inapropriado", frisou.
As negociações entre as duas partes estão completamente bloqueadas desde a primavera de 2022, pouco depois do início da ofensiva militar russa na Ucrânia.
Moscou exige que a Ucrânia aceite a anexação de parte do seu território enquanto Zelensky reitera que a paz só será possível se o Exército russo se retirar por completo, inclusive da península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014.
O presidente ucraniano diz querer desenvolver um plano para novembro, data das eleições presidenciais nos Estados Unidos – um aliado vital de Kiev – que servirá de base para uma futura cúpula de paz para a qual o Kremlin deverá ser convidado.
Progressão russa no leste
A captura de Zalizne (Artemovo em russo) ocorre em um momento em que as maiores e mais bem equipadas forças russas também se aproximam da cidade de Pokrovsk, um importante centro logístico localizado a cerca de 50 km de distância.
Depois de os russos terem tomado, nos últimos dias, várias localidades na direção de Pokrovsk, o governador regional anunciou nesta segunda-feira "a retirada forçada de famílias com crianças" nesta aglomeração de mais de 53 mil habitantes.
Segundo as autoridades ucranianas, os bombardeios russos mataram quatro pessoas em dois ataques separados em Toretsk e Zarichne, duas localidades próximas do front.
Zona-tampão
De acordo com Kiev, o seu Exército assumiu o controle de 82 cidades e 1.150 quilômetros quadrados de território. Já Moscou afirma com frequência estar "repelindo" os ataques ucranianos.
É a maior operação militar lançada por um Exército estrangeiro em solo russo desde a Segunda Guerra Mundial. No domingo, a Ucrânia afirmou ter destruído uma segunda ponte na região de Kursk, reduzindo a possibilidade de o contingente russo mobilizado ao sul do rio Seim se reforçar ou se retirar.
As hostilidades já forçaram dezenas de milhares de pessoas a evacuarem a zona fronteiriça em ambos os países.
As autoridades locais russas declararam estado de emergência na cidade de Proletarsk, no sudoeste da Rússia, onde um ataque ucraniano com drones incendiou reservas de combustível no domingo e feriu pelo menos 18 bombeiros.
O fogo ainda estava ativo nesta segunda-feira e, segundo o governador regional, Vasili Golubev, foram enviados meios adicionais para controlar as chamas.
Na frente diplomática, a Alemanha garantiu nesta segunda-feira que, apesar da sua intenção de reduzir os seus gastos orçamentários para Kiev em 2025, permanecerá "plenamente comprometida" com o seu apoio militar.
Para compensar esta redução, o segundo maior contribuinte de ajuda à Ucrânia planeja conceder um empréstimo de 50 bilhões de dólares (273 bilhões de reais na cotação atual) garantido por juros futuros gerados por ativos russos congelados.
"Precisamos de entregas mais rápidas de equipamentos dos nossos parceiros", disse Zelensky no domingo. "A guerra não tira férias".
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