Kamala Harris, candidata à presidência dos EUASaul Loeb/AFP
"Em nome do povo, de cada americano, independentemente do partido, da raça, do gênero ou da língua que sua avó fale, aceito a nomeação", declarou a vice-presidente de 59 anos, prometendo guiar o país em "um novo caminho".
"Eu serei a presidente que nos unirá em nossas maiores aspirações", prometeu a advogada no discurso mais importante de sua carreira.
Vestida com um terno azul-marinho, cor do partido democrata, ela agradeceu ao presidente Joe Biden pelo apoio à sua candidatura, após ele ter desistido de tentar a reeleição.
"O caminho que me trouxe até aqui foi, sem dúvida, inesperado", afirmou Kamala diante dos mais de 5 mil delegados do Partido Democrata que oficializaram sua candidatura. "Mas as reviravoltas improváveis não me são desconhecidas".
Kamala homenageou seus pais como forças inspiradoras que moldaram sua trajetória e falou sobre suas origens na Califórnia, como filha de imigrantes (seu pai é jamaicano e sua mãe era indiana).
Sistema migratório fraturado
Kamala prometeu reformar o "sistema migratório fraturado" do país e não cair no dilema de escolher entre uma fronteira segura ou um esquema para abordar a migração de forma mais humanitária.
"Sei que podemos carregar com orgulho a nossa herança como nação de imigrantes. (...) Podemos criar um caminho para a cidadania e proteger nossa fronteira", disse, ao mencionar uma questão delicada para a administração Biden.
Ela também afirmou que está trabalhando sem pausa ao lado do presidente americano para conseguir um acordo de trégua em Gaza entre Israel e o movimento islamista palestino Hamas e falou sobre o conflito que já provocou mais de 40 mil mortes.
"Sempre apoiarei o direito de Israel de se defender e sempre garantirei que Israel tenha a capacidade de se defender", disse na convenção. "Ao mesmo tempo, o que aconteceu em Gaza nestes 10 meses é devastador. Muitas vidas perdidas (...). "A escala do sofrimento é de partir o coração", acrescentou.
"O presidente Biden e eu estamos trabalhando para acabar com esta guerra, de modo que Israel permaneça em segurança, os reféns sejam libertados, o sofrimento em Gaza termine e o povo palestino possa tornar realidade o seu direito à dignidade, segurança, liberdade e autodeterminação", disse.
A candidata também prometeu "permanecer firme ao lado da Ucrânia" e dos países aliados membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
A vice-presidente dedicou uma parte do discurso para atacar o rival eleitoral, o magnata republicano Donald Trump, a quem acusou de querer provocar o retrocesso do país.
O ex-presidente, "em muitos aspectos, não é um homem sério", disse, antes de acrescentar que "as consequências (...) de colocar Donald Trump de volta na Casa Branca são extremamente graves".
'Nada além de falar'
"Ela não fez nada além de falar durante três anos e meio, e é o que está fazendo esta noite", escreveu Trump em uma de suas mais de 40 mensagens postadas durante o discurso de 38 minutos de Harris. Para as pessoas que estavam no United Center, no entanto, o discurso atendeu às expectativas.
"Estou muito orgulhoso dela", disse Michelle DuBois, delegada de Maryland. "Ela não veio do nada. Esta é a história dela. A história dela a preparou para este momento, para liderar nosso país rumo ao futuro. Estou muito agradecida".
Mais cedo, Biden, que abriu a convenção na segunda-feira com um discurso de despedida após meio século de vida política, reforçou seu apoio político a Harris nas redes sociais.
"Estou orgulhoso de ver minha companheira Kamala Harris aceitar nossa nomeação para a presidência. Ela será uma presidente extraordinária porque está lutando pelo nosso futuro".
A noite de celebração foi marcada por discursos de líderes políticos, celebridades e da irmã da vice-presidente, Maya Harris, que fez uma homenagem à mãe.
Apesar dos muitos boatos nas redes sociais, Beyoncé, que cedeu a canção "Freedom" para a campanha de Harris, não compareceu ao evento.
Antes de Kamala subir ao palco, a cantora Pink apresentou uma versão minimalista de "What About Us", enquanto o trio texano The Chicks cantou o hino dos Estados Unidos à capela.
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