Kamala Harris e Donald TrumpAFP
Menos de três semanas antes do esperado debate entre a vice-presidente democrata e o ex-presidente republicano — e apenas um mês antes do início da votação antecipada — as pesquisas mostram que a batalha pela Casa Branca está acirrada.
Harris deixa a Convenção Nacional Democrata realizada esta semana em Chicago com os ventos a seu favor. Ela ultrapassou Trump nas pesquisas, apagando a vantagem que o republicano exibia antes da desistência do presidente Joe Biden há um mês.
Mas Dan Kanninen, um dos gestores da campanha de Harris, alertou em um evento da Bloomberg à margem da cúpula do partido que a disputa "não mudou fundamentalmente" e permanece "muito, muito acirrada".
"Temos um enorme entusiasmo — acredito que o impulso está do nosso lado — mas agora temos que fazer algo com isso e envolver o eleitorado de forma eficaz", disse ele.
Harris aceitou a nomeação presidencial do seu partido em uma deslumbrante última noite em Chicago, cercada por uma constelação de celebridades que prepara o cenário para uma corrida cansativa até às eleições.
Margens estreitas
Em apenas um mês, Harris arrecadou um recorde de US$ 500 milhões (R$ 2,7 bilhões) para sua campanha, desfrutando de uma lua de mel política.
No entanto, os líderes do partido alertam que a sua candidatura pode ser afetada por ventos contrários, como controvérsias internas sobre a posição do governo Biden em relação à guerra de Gaza.
As pesquisas também poderão variar com a possível retirada, nesta sexta-feira, do candidato independente Robert F. Kennedy Jr, disposto a apoiar Trump.
O membro do clã Kennedy planeja fazer um anúncio nesta sexta-feira no Arizona, onde Trump também faz campanha, e promete apresentar um "convidado especial".
Os analistas não concordam sobre o efeito que a saída de Kennedy teria. As pesquisas não lhe dão mais do que um dígito nas intenções de voto e a sua proximidade com as teorias da conspiração transformaram-no em uma figura marginal.
No entanto, em uma disputa tão incerta, mesmo alguns milhares de votos em um estado crucial podem, em última análise, determinar quem ganha a Casa Branca.
Pesos-pesados democratas, como Michelle Obama e Bill Clinton ou o companheiro de chapa de Harris, Tim Walz, alertam que o partido poderá perder para os republicanos de Trump se cair no triunfalismo.
Conquistar o centro
Ao longo desta semana, estrategistas democratas apresentaram em Chicago um desfile de republicanos anti-Trump, incluindo ex-funcionários do gabinete do ex-presidente, um prefeito de uma pequena cidade e um ex-funcionário estadual.
"Se você votar em Kamala Harris em 2024, você não é um democrata, você é um patriota", disse o ex-vice-governador da Geórgia, Geoff Duncan.
Embora antes caracterizassem Trump como um demagogo, os democratas começaram agora a zombar do candidato republicano de uma forma destinada a menosprezá-lo e a minar a sua aura de invencibilidade.
Harris inclusive o descreveu como uma pessoa "pouco séria" em seu discurso de aceitação da nomeação. A vice-presidente, que não tem eventos previstos para o fim de semana, retorna nesta sexta-feira a Washington com o marido, Doug Emhoff, para começar a traçar o seu plano de batalha para os próximos 70 dias.
"Serei uma presidente que nos une em torno das nossas maiores aspirações", disse ela, sob aplausos, à convenção.
"Uma presidente que lidera e ouve, que é realista, prática e tem bom senso, e que luta sempre pelo povo americano", prometeu.
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