População palestina enfrenta dura crise humanitária com consequências da guerraReprodução / Internet

O Hamas enviou uma delegação ao Cairo neste sábado (24), embora não participe das negociações do fim de semana que buscam uma trégua com Israel em Gaza e a libertação dos reféns detidos pelo grupo islamista após dez meses de guerra.

"A delegação se reunirá com responsáveis dos serviços de inteligência egípcios para ser informada sobre a evolução da rodada de negociações sobre o cessar-fogo em Gaza (…)", disse um funcionário do Hamas neste sábado.

"Mas isso não significa que participarei das negociações" para uma trégua em Gaza, acrescentou à AFP sob condição de anonimato.

A guerra, desencadeada pelo ataque do Hamas em 7 de outubro em território israelense, devastou o estreito território palestino e causou o deslocamento em massa da população, que enfrenta uma dura crise humanitária.

Os mediadores Estados Unidos, Egito e Catar tentam há meses acabar com o conflito.

A Casa Branca disse na sexta-feira que houve progressos, mas persiste o desacordo sobre a presença permanente de tropas israelenses na fronteira Gaza-Egito.

O funcionário do Hamas indicou que o grupo insistirá na necessidade de retirar todas as tropas israelenses de Gaza, inclusive "da área fronteiriça com o Egito", conhecida como "Corredor Filadélfia".

O movimento islamista, classificado como organização "terrorista" por Israel, Estados Unidos e União Europeia, rejeita novas negociações e exige a implementação do "plano Biden", apresentado pelo presidente americano em 31 de maio.

A luta, entretanto, não para. Na Cidade de Gaza, jornalistas da AFP ouviram disparos e explosões durante os confrontos.

Em Khan Yunis, no sul, pelo menos 11 pessoas foram mortas, incluindo uma mulher e quatro crianças, em um bombardeio, disse um médico do hospital Nasser.

A Defesa Civil informou que as forças israelenses mataram 35 pessoas na sexta-feira.

'Um passo fundamental'
O "plano Biden", que Washington apresentou como proposta de Israel, contempla uma trégua de seis semanas, a retirada das forças israelenses das áreas densamente povoadas de Gaza e a libertação de reféns.

Em uma segunda fase, prevê a retirada total das tropas do território palestino.

Mas o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, considera o controle do corredor na fronteira egípcia necessário para evitar o rearmamento do Hamas.

A Casa Branca indicou que o chefe da CIA, William Burns, participa das negociações no Cairo, com os chefes dos serviços de inteligência israelenses.

"As negociações que ocorrem no Cairo (...) preparam uma rodada mais ampla de discussões que começará no domingo", disse uma fonte egípcia próxima.

"Washington analisa novas propostas com mediadores para reduzir a distância entre Israel e o Hamas, e mecanismos para implementar" o plano.

A fonte egípcia afirmou que as negociações de domingo serão "um passo fundamental na formulação de um acordo que será anunciado se Washington conseguir pressionar Netanyahu".

A guerra eclodiu em 7 de outubro, quando combatentes islamistas mataram 1.199 pessoas no sul de Israel, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em números oficiais.

Também fizeram 251 reféns, dos quais 105 permanecem em Gaza, incluindo 34 que o Exército declarou mortos.

Em resposta, Israel prometeu destruir o Hamas e lançou uma ofensiva que já deixou pelo menos 40.334 mortos em Gaza, segundo o Ministério da Saúde do território, governado pelo Hamas desde 2007, que não detalha quantos são civis ou combatentes.