Presidente da Ucrânia, Volodymyr ZelenskyAFP
A Ucrânia, invadida por Moscou desde fevereiro de 2022, enfrenta avanços consideráveis das tropas russas no Donbass, região leste do país, e bombardeios devastadores com frequência.
O ataque mais recente aconteceu na terça-feira em Poltava, na região central da ex-república soviética, e deixou 55 mortos e mais de 300 feridos.
"Precisamos de mais armas para repelir as forças russas", insistiu Zelensky na base aérea de Ramstein, no oeste da Alemanha.
O presidente ucraniano também fez um apelo para que os aliados cumpram os seus compromissos. "O número de sistemas de defesa aérea que não foram entregues é significativo", criticou.
Zelensky voltou a pedir o fim das restrições ao uso de armas ocidentais de longo alcance para atacar alvos dentro da Rússia.
"Precisamos ter esta capacidade de longo alcance, não apenas no território ocupado da Ucrânia, mas também no território russo", disse.
A reunião foi organizada pelo secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, que aproveitou o evento para anunciar que Washington concederá uma nova ajuda militar de 250 milhões de dólares (1,39 bilhão de reais) a Kiev.
O presidente ucraniano terá uma reunião com o chefe do Governo alemão, Olaf Scholz, e depois viajará para a Itália, onde participará em um fórum econômico em Cernobbio, no norte do país.
Donbass: 'objetivo prioritário'
O encontro na Alemanha, com a presença de representantes de quase 50 países, abordam questões como o fortalecimento das defesas aéreas da Ucrânia e o desenvolvimento da indústria de defesa dos países aliados, afirmou o porta-voz do Pentágono, general Pat Ryder, antes da reunião.
Em Oslo, capital norueguesa, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, sublinhou que "a forma mais rápida de acabar com esta guerra é enviar armas para a Ucrânia".
"Putin deve perceber que não pode vencer no campo de batalha, mas deve aceitar uma paz justa e duradoura na qual a Ucrânia prevaleça como nação soberana e independente", declarou.
A reunião na Alemanha coincide com o avanço das tropas russas no Donbass, a bacia de mineração do leste da Ucrânia, parcialmente controlada por separatistas pró-Rússia.
O presidente russo, Vladimir Putin, lembrou na quinta-feira que a captura desta região é o "objetivo prioritário" de Moscou.
Desde 2022, a Rússia reivindicou a anexação das duas regiões do Donbass: Luhansk, que ocupa quase por completo, e Donetsk, que controla apenas uma parte.
Putin também estabeleceu como condição, antes de qualquer negociação de paz, que Kiev retire por completo das duas áreas, além das regiões meridionais de Kherson e Zaporizhzhia, das quais também reivindica a anexação.
Incerteza sobre o apoio a Kiev
Moscou, no entanto, não adotou esta estratégia e prosseguiu com o avanço em Donetsk, um centro fundamental para a logística das forças ucranianas.
As tropas de Kiev reivindicaram nesta sexta-feira a reconquista de parte da cidade de Niu- York, no leste da Ucrânia, seu primeiro sucesso nesta área da frente de batalha em vários meses.
Washington é a maior fonte de apoio da Ucrânia no conflito, com mais 56 bilhões de dólares em ajuda militar, segundo o Pentágono.
Mas o futuro do financiamento é incerto, a apenas dois meses antes das eleições americanas, que podem levar o cético Donald Trump de volta ao poder.
A Alemanha, segunda maior fonte de apoio econômico de Kiev, também enfrenta pressões internas por sua ajuda à Ucrânia. O debate sobre o prosseguimento do apoio ou a suspensão está no centro do debate para o próximo orçamento do país.
O ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, no entanto, anunciou à margem da reunião que o seu país enviaria 12 peças de artilharia no valor de 166 milhões de dólares (930 milhões de reais) para Kiev. "Agradeço à Alemanha, ao seu governo e ao seu povo por todo o apoio", reagiu Zelensky nas redes sociais.
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