Malala e Sue Kim posam para a AFP no Festival Internacional de Cinema de Toronto VALERIE MACON/AFP

A paquistanesa Malala Yousafzai apresentou seu primeiro documentário em parceria com a Apple TV+ no Festival Internacional de Cinema de Toronto no domingo (8). O longa "As Últimas Mulheres do Mar" conta a história das haenyeo, um grupo de avós conhecidas como as “sereias da vida real”, que são mergulhadoras da ilha de Jeju, na Coreia do Sul.
Essas mulheres, muitas com idades entre 60 e 80 anos, são conhecidas por mergulharem sem o auxílio de oxigênio para colher mariscos e outros frutos do mar. Elas utilizam apenas trajes de mergulho, máscaras, nadadeiras, cestas e anzóis.

A tradição das haenyeo é um patrimônio cultural imaterial da UNESCO desde 2016. Mas, elas enfrentam desafios significativos, como a poluição marinha e a necessidade de preservar suas práticas tradicionais em um mundo em rápida mudança. 
"Eu estava procurando histórias de mulheres... Queria histórias de sua resiliência. E quando ouvi falar deste projeto da (diretora) Sue, pensei: 'Isso é exatamente o que estou procurando'", disse Malala à AFP em uma entrevista junto com a diretora coreana-americana Sue Kim.

"Quando vejo as histórias das haenyeo, isso me inspira sobre as possibilidades e capacidades que as mulheres têm em seus corpos e mentes", continuou a ativista.
Mulheres impressionantes
Na década de 1960, 30 mil mulheres haenyeo extraíam do mar desde caracóis até polvos para sustentar suas famílias. Hoje, esse número foi reduzido para quatro mil.

O filme mostra as mulheres falando sobre seu trabalho difícil, que envolve segurar a respiração embaixo d'água por até dois minutos, e inclui belas imagens subaquáticas delas em plena atividade.

Além disso, explora como elas tentam reviver sua cultura por meio de treinamentos e promoção de seu trabalho nas redes sociais, e como trabalham juntas para evitar a sobrepesca.

"Eu as conheci quando era criança e fiquei muito impressionada, porque elas são muito confiantes e audaciosas", explicou à AFP Kim, que faz sua estreia na direção de um longa-metragem.

"Elas são impressionantes. São fisicamente ágeis, habilidosas e fortes, e defendem o meio ambiente e se preocupam com a próxima geração", acrescentou.

Malala sobreviveu em 2012, quando era adolescente, a uma tentativa de assassinato por parte dos talibãs devido à sua campanha em favor dos direitos educacionais das meninas. Em 2014, aos 17 anos, foi ganhou o Prêmio Nobel da Paz.