O presidente do México afirmou que a Suprema Corte cometeria uma "aberração" se bloqueasse a iniciativaRodrigo Oropeza / AFP

O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, negou nesta segunda-feira (9) que a reforma proposta pelo seu governo seja uma tentativa de "demolição" do Poder Judiciário, como afirmou a presidente da Suprema Corte de Justiça, Norma Piña. 
"[Piña] está no seu direito, assim como todos que se opõem à reforma do Poder Judiciário. No entanto, é evidente (...) que a corrupção impera no Poder Judiciário e que é urgente limpá-lo para o benefício de todos", disse López Obrador.

Em um vídeo divulgado no domingo (8), a presidente da Suprema Corte afirmou que "a demolição do Poder Judiciário não é o caminho" para reformar este setor. Piña acrescentou que a eleição afetaria a independência dos juízes e facilitaria "o envolvimento de grupos de poder e de crime organizado".

Na semana passada, a ministra-presidente decidiu consultar seus colegas para saber se o mais alto tribunal mexicano é competente para barrar a reforma, que já foi aprovada na semana passada pela Câmara dos Deputados em meio a protestos maciços, principalmente de trabalhadores do Judiciário e estudantes.
Em resposta, López Obrador disse que a Suprema Corte cometeria uma "aberração" se bloqueasse a iniciativa.

A reforma foi aprovada por duas comissões do Senado no domingo e espera-se que seja apresentada ao plenário na terça-feira para votação no dia seguinte.
O governo só precisa de um voto na Câmara Alta para alcançar os 86 votos necessários (dois terços) para aprovar reformas constitucionais, embora o líder do Senado, Gerardo Fernández Noroña, afirme que 85 votos seriam suficientes.

Analistas indicam que as preocupações dos investidores com a reforma contribuíram para a desvalorização do peso frente ao dólar.

López Obrador, no entanto, disse nesta segunda-feira que os movimentos na moeda "têm a ver fundamentalmente com fatores externos".

"Não tem a ver, como dizem nossos adversários, com o medo que os mercados têm da reforma judicial", assegurou.