Coletiva em Kyiv, em 11 de setembro de 2024, durante a invasão russa à UcrâniaAnatolii STEPANOV / AFP
A visita do secretário de Estado americano, Antony Blinken, e do secretário do Foreing Office - o Ministério das Relações Exteriores britânico -, David Lammy, ocorre em um momento delicado para a Ucrânia, confrontada no leste com a pressão das tropas russas apesar da ofensiva surpresa que lançou no começo de agosto em território russo.
A Ucrânia reivindica insistentemente a autorização para atacar com mísseis de longo alcance, proporcionados pelas potências ocidentais, alvos mais distantes na Rússia, acusada de ter recebido mísseis balísticos do Irã.
"Nós nos ajustamos e adaptamos à evolução das necessidades, à evolução do campo de batalha, e não tenho nenhuma dúvida de que o continuaremos fazendo à medida que a situação evoluir", afirmou.
"Nosso apoio não se fragilizará, nossa unidade não se romperá", ressaltou Blinken, dizendo que sua visita era um sinal de compromisso com a "vitória" da Ucrânia na guerra iniciada em fevereiro de 2022, quando as tropas russas invadiram a ex-república soviética.
O chanceler ucraniano, Andrii Sibiga, pediu "suspender todas as restrições ao uso de armas americanas e britânicas contra alvos militares legítimos na Rússia".
"É importante que se escutem os argumentos ucranianos", ressaltou.
Pouco antes, o presidente havia dito que existe um plano para derrotar militarmente a Rússia e que este "depende principalmente do apoio dos Estados Unidos".
Blinken também anunciou, nesta quarta-feira, uma nova ajuda de US$ 717 milhões (R$ cerca de 4 bilhões) para o setor de energia ucraniano, devastado pelos bombardeios russos, o fornecimento de água potável e a desminagem.
O chanceler britânico também reiterou o compromisso de seu governo em enviar uma ajuda econômica de 600 milhões de libras (R$ 4,4 bilhões) para Kiev.
A Ucrânia comemorou na terça-feira o anúncio de um acordo do Fundo Monetário Internacional (FMI), que abre a porta para uma nova parcela de ajuda de 1,1 bilhão de dólares (R$ 6,21 bilhões).
Os aliados ocidentais de Kiev se negaram até o momento a que a Ucrânia use suas armas para atacar o território russo em profundidade, por receio de uma escalada que resulte em um conflito direto com Moscou.
O Departamento de Defesa americano considera, ainda, que esta autorização não seria de forma alguma "decisiva" para mudar o rumo da guerra.
Na Rússia, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, alertou que seu país dará uma resposta "apropriada" se isto ocorrer.
"Os russos (...) atingem cada vez mais instalações próximas da fronteira" da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), declarou o chefe da diplomacia ucraniana.
A Lituânia, um importante apoiador da Ucrânia, considerou que os aviões da Otan deslocados nos países bálticos devem derrubar os drones russos nos espaços aéreos do bloco, após vários incidentes envolvendo aeronaves de Moscou.
O debate sobre as restrições ao uso de armas ocorre depois que Washington acusou o Irã, esta semana, de entregar mísseis de curto alcance à Rússia, que poderia usá-los para bombardear o território ucraniano nas próximas semanas.
Segundo a imprensa britânica, Biden, que se reunirá com Starmer na sexta-feira nos Estados Unidos, poderia suspender o veto de Washington para que a Ucrânia use mísseis Storm Shadow de longo alcance em território russo.
Uma das principais demandas da Ucrânia é flexibilizar as restrições ao uso dos sistemas de mísseis táticos ATACMS americanos, que podem atingir alvos a 300 km de distância.
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