Um homem em Pequim, capital da China, assiste às notícias dos exercícios militares do seu país em TaiwanGREG BAKER / AFP
Os exercícios, denominados Espada Conjunta 2024B, "testam as capacidades operacionais conjuntas das tropas", afirmou o Ministério da Defesa chinês.
Algumas horas depois, o capitão Li Xi, porta-voz do comando leste do exército chinês, anunciou que as manobras terminaram "com sucesso".
"Estamos dispostos a trabalhar por uma reunificação pacífica com a maior sinceridade e com todos os nossos esforços", declarou Wu Qian, porta-voz do Ministério da Defesa da China, em um comunicado emitido após as manobras.
"Mas nunca vamos prometer renunciar ao uso da força e jamais daremos o mínimo espaço para aqueles que militam pela independência de Taiwan", acrescentou.
O presidente taiwanês, Lai Ching-te, prometeu que seu "governo continuará protegendo o sistema constitucional democrático e livre, resguardando a segurança nacional".
O Ministério de Defesa taiwanês condenou "o comportamento irracional e provocador" da China e afirmou que "enviou forças apropriadas para responder em consequência, para proteger a liberdade e a democracia e defender a soberania". As ilhas periféricas de seu território estão em "alerta máximo", destacou em um comunicado.
As manobras aconteceram em "áreas ao norte, sul e leste da ilha de Taiwan" e se concentraram em temas como a "vigilância de preparação para o combate aéreo e marítimo, o bloqueio de portos e áreas-chave", assim como o treino de "ataque a alvos marítimos e terrestres", explicou o capitão Li Xi.
O governo chinês destacou que, com as manobras, Pequim pretende enviar uma "advertência firme aos atos separatistas das forças de 'independência taiwanesa'"
"O independentismo de Taiwan e a paz no Estreito de Taiwan são duas coisas totalmente incompatíveis", disse Mao Ning, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China.
'Um recorde'
A Guarda Costeira chinesa também foi enviada para realizar "inspeções" em torno do território. Imagens divulgadas pela instituição mostram quatro frotas cercando a ilha.
Taiwan detectou 125 aviões de combate chineses, anunciou o tenente Hsieh Jih-sheng, funcionário de alto escalão do serviço de inteligência do Ministério da Defesa. Ele destacou que o número representa "um recorde para apenas um dia".
O governo dos Estados Unidos condenou as manobras, que chamou de movimento "injustificável e com risco de escalada".
A União Europeia (UE) pediu "moderação" a todas as partes envolvidas e pediu que "evitem qualquer ação que possa aumentar ainda mais as tensões" no Estreito de Taiwan.
Os exercícios aconteceram poucos dias após o presidente taiwanês ter anunciado o compromisso de "resistir à anexação" chinesa.
Nesta segunda-feira, Lai Ching-te convocou uma reunião de segurança com funcionários de alto escalão para discutir a resposta à "ameaça militar chinesa", disse Joseph Wu, secretário-geral do Conselho Nacional de Segurança de Taiwan.
Wu destacou que as manobras chinesas são "inconsistentes com o direito internacional" e que exigiam um aviso prévio.
Lai, que assumiu a presidência em maio, falou abertamente sobre a defesa da soberania taiwanesa, o que irritou Pequim, que o considera um "separatista".
A Guarda Costeira taiwanesa anunciou que um cidadão chinês foi detido após uma possível "intrusão" em Kinmen, uma ilha próxima à cidade chinesa de Xiamen, mas não relacionou o caso às manobras militares.
A China intensificou nos últimos anos suas atividades militares ao redor de Taiwan, com a mobilização de aviões de guerra e outras aeronaves militares, enquanto suas embarcações mantêm uma presença quase constante nas águas da ilha.
Pequim não descarta o uso da força para assumir o controle da ilha de governo democrático.
No discurso da última quinta-feira (10), o presidente Lai se comprometeu a "resistir à anexação" da ilha e insistiu que Pequim e Taipé "não estão subordinados um ao outro".
Em resposta, a China alertou no mesmo dia que as "provocações" de Lai causarão um "desastre" para sua população.
O Partido Progressista Democrático de Lai defende a soberania e a democracia de Taiwan, que tem seu próprio governo, Forças Armadas e moeda.
A China busca eliminar Taiwan do cenário internacional, impedindo sua participação em fóruns globais e retirando aliados diplomáticos da ilha.
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