Organização das Nações Unidas (ONU)AFP

A ONU estimou, nesta terça-feira (15), que a população da Faixa de Gaza está enfrentando as piores restrições que limitam a ajuda humanitária desde o início da guerra há um ano, alertando especialmente sobre o impacto devastador dessa situação nas crianças.
"A situação das crianças é cada dia pior que o anterior", declarou James Elder, o porta-voz do Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef.
A ofensiva de represália israelense na Faixa de Gaza pelos ataques do movimento islamista Hamas de 7 de outubro de 2023 em Israel devastou amplas áreas do território palestino.
O Exército israelense intensificou suas operações no norte do território, onde milhares de pessoas estão presas, segundo a ONU.
"A quantidade de ajuda humanitária que foi enviada em agosto à Faixa de Gaza foi a mais baixa em um mês desde quando estourou a guerra", declarou Elder, que acrescentou que houve "vários dias durante a semana passada [nos quais] não se autorizou entrar nenhum caminhão".
"Provavelmente, estamos assistindo às piores restrições jamais vistas em matéria de ajuda humanitária", denunciou.
No início do ano, quando a ONU temia uma crise de fome na Faixa de Gaza, houve "uma verdadeira pressão para abrir novas rotas e novos pontos de acesso", destacou Elder.
Mas hoje, "a situação é totalmente contrária", explicou, acrescentando que desde maio, "os pontos de entrada foram sistematicamente bloqueados".
O norte da Faixa "não recebeu nada de comida, nenhuma ajuda alimentar durante todo o mês de outubro", lamentou.
Essa situação, somada aos incessantes bombardeios e ao fato de que ao redor de 85% do território recebeu ordens de evacuação, faz com que a Faixa seja "totalmente inabitável", declarou.
Apesar de tudo isso, na segunda-feira começou uma segunda fase da campanha de vacinação contra a pólio, na qual foram administradas cerca de 93.000 doses, indicou o porta-voz da Organização Mundial da Saúde, Tarik Jasarevic.
A campanha de vacinação contra a pólio começou depois que o território palestino confirmou o primeiro caso dessa doença em 25 anos.
Como a primeira, essa segunda fase estará dividida em três etapas, graças também às pausas humanitárias observadas para esse fim.
O objetivo é administrar uma segunda dose em mais de 590.000 crianças de menos de dez anos.