Agora nomeado líder, Naim Qassem já era figura mais pública de Hezbollah AFP
A trajetória de Qassem está intimamente ligada à de Nasrallah, que foi assassinado em 27 de setembro em um ataque israelense contra o subúrbio do sul de Beirute.
O novo líder foi um dos fundadores do Hezbollah em 1982, quando o grupo islamista foi criado a pedido do Irã após a invasão israelense ao Líbano.
Em 1991, Qassem se tornou secretário-geral adjunto do Hezbollah, no ano seguinte ao fim da guerra civil no Líbano (1975-1990) e antes de Hassan Nasrallah assumir o comando do movimento em 1992.
Desde então, ambos gerenciaram lado a lado uma organização armada cuja influência cresceu consideravelmente a cada década, tornando-se um ator-chave na geopolítica do Oriente Médio.
Como membro do Conselho da Shura, o órgão dirigente do Hezbollah, Naim Qassem estava em posição de suceder Nasrallah, mas seu nome não era o mais cotado.
Hashem Safieddine, uma figura proeminente do grupo e primo de Nasrallah, era considerado o candidato mais provável, mas acabou assassinado no início de outubro.
Menos carismático
Casado e pai de seis filhos, é formado em Química pela Universidade Libanesa e, segundo sua biografia oficial, lecionou durante seis anos em centros públicos de ensino secundário.
Qassem fala francês e inglês e, antes da guerra entre Israel e Hezbollah - que começou há mais de um mês -, concedia frequentemente entrevistas à imprensa.
Enquanto Nasrallah raramente aparecia em público desde a última guerra com Israel, em 2006, o novo líder do movimento era um dos poucos altos dirigentes do Hezbollah que o fazia.
Além de suas funções protocolares, Qassem também gerenciava assuntos políticos e os processos parlamentares e governamentais, informou à AFP uma fonte próxima ao novo líder.
Mas desde a recente escalada israelense, ele não tem aparecido em público, limitando-se a fazer três discursos pré-gravados transmitidos pela emissora do Hezbollah, Al Manar.
Menos carismático que Nasrallah, Qassem prefere discursos sóbrios e lidos em árabe clássico, ao contrário do antigo líder do movimento, que costumava se expressar diante das câmeras com frases acaloradas e em dialeto libanês, às vezes com toques de ironia.
Em meados de outubro, enquanto as bombas de Israel caíam sem trégua nos redutos do Hezbollah, matando centenas de pessoas, Qassem se dirigiu aos israelenses.
"A solução" que permitiria que os habitantes do norte de Israel, deslocados pelos disparos do Hezbollah há um ano, retornassem para suas casas é "um cessar-fogo", declarou, ameaçando, caso contrário, bombardear Israel "em todas as partes”.
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